O presidente da Rússia, Vladimir Putin, decidiu nesta sexta-feira (6) suspender todos os voos comerciais para o Egito em meio a suspeita de que uma bomba derrubou o avião de uma empresa russa no sábado passado na península do Sinai.
O movimento de Putin ocorre depois de os governos americano e britânico levantarem a hipótese de que o Airbus da Metrojet, que caiu com 224 a bordo, ter sido alvo de uma bomba plantada por extremistas islâmicos. Segundo apurou a rede BBC, o Reino Unido acredita que o explosivo teria sido colocada no bagageiro logo antes da decolagem.
Até esta sexta, o governo russo estava cauteloso em relação ao assunto. Na quinta (5), Putin conversou com o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, sobre a decisão britânica de suspender os voos para a região da queda da aeronave, no Sinai. Putin havia apelado ao premiê que esperasse as investigações oficiais antes de adotar algum gesto deste tipo.
Agora, 24 horas depois, o dirigente russo anuncia uma medida, ao que parece, ainda mais radical: a proibição de viagens para qualquer parte do Egito.
Segundo o governo russo, os voos estão suspensos até que as causas da tragédia sejam esclarecidas.
Pouco antes de Putin anunciar sua decisão, o chefe da inteligência russa, Alexander Bortnikov, havia dito que seria “razoável” suspender todos os voos comerciais entre Rússia e Egito enquanto se investigam as causas da queda do Airbus.
Para evitar o caos aéreo, o governo egípcio cancelou nesta sexta-feira parte dos voos de companhias aéreas britânicas que resgatariam cerca de 4 mil turistas britânicos no Sinai. Apenas um número limitado de voos deve ser autorizado a decolar. Por razões de segurança, os passageiros foram autorizados a viajar apenas com bagagens de mão.
Investigação
As investigações sobre a queda do Airbus A321 no Sinai alimentam divergências entre potências mundiais com relação à situação política no Oriente Médio, em especial no que se refere à guerra civil na Síria.
O grupo radical Província do Sinai, leal à milícia Estado Islâmico (EI), afirmou em comunicado no dia do incidente que teria abatido a aeronave “em resposta aos ataques aéreos russos que mataram centenas de muçulmanos nas terras sírias”.
A Rússia iniciou no fim de setembro uma campanha de ataques aéreos contra posições de extremistas na Síria a pedido do ditador Bashar al-Assad.
Caso se confirme que radicais abateram o avião da Metrojet, o incidente no Sinai representaria a principal retaliação à Rússia desde o início dos bombardeios contra o EI na Síria.
O Airbus da Metrojet fazia a rota Sharm el-Sheikh (Egito)-São Petesburgo (Rússia) no sábado (31) e caiu 23 minutos após decolar. A maioria dos 224 mortos na tragédia é de turistas russos que voltavam de férias no Egito.