Um graduado diplomata dos Estados Unidos acreditava que o nesta quinta primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, sabia sobre um plano para matar o dissidente Alexander Litvinenko, segundo um documento vazado pelo site WikiLeaks. No documento publicado pelo jornal britânico Guardian hoje, o secretário-assistente de Estado dos EUA Daniel Fried questionou se era possível que Putin não soubesse do plano para assassinar o dissidente, que morreu em Londres em novembro de 2006. Nessa época, Putin era presidente da Rússia.
Durante conversas com um graduado assessor diplomático francês, em Paris, pouco após a morte de Litvinenko, Fried questionou se seria possível que os envolvidos na morte operassem "sem o conhecimento de Putin", dada a atenção do líder "ao detalhe", de acordo com o documento relatando o encontro.
A polícia britânica acusou o ex-agente da KGB Andrei Lugovoi pelo assassinato do ex-espião russo Litvinenko, que se exilou e tornou-se um crítico do Kremlin. O dissidente morreu envenenado, em um hotel de Londres. Em outro telegrama vazado, um graduado promotor espanhol afirmou que a Rússia era virtualmente um "Estado máfia", cujos políticos operavam "lado a lado" com o crime organizado.
O promotor José González disse aos funcionários norte-americanos que "ele considera a Rússia um 'Estado máfia' virtual", onde "não se pode diferenciar entre as atividades do governo e dos grupos do crime organizado". González investiga o crime organizado russo na Espanha há uma década. Ele concordou com a tese de Litvinenko, segundo a qual a inteligência russa e os serviços de segurança eram "proprietários do crime organizado".
O promotor espanhol disse ainda que funcionários de inteligência russos estavam por trás de um caso de 2009, quando um navio de carga com um lote com armas teria sido enviado ao Irã. O documento sugere ainda que autoridades russas se servem da máfia para realizar operações que não poderiam ser "aceitáveis para um governo", como a venda de armas aos curdos para desestabilizar a Turquia.
González disse ainda acreditar que a máfia não era um problema localizado, mas dominava a Bielo-Rússia e a Chechênia, além de exercer "tremendo controle" sobre componentes vitais para a economia global, incluindo o alumínio. Um terceiro documento, firmado pelo embaixador dos EUA na Rússia, John Beyrle, aponta o então prefeito de Moscou, Yuri Luzhkov, como parte vital na máquina do crime organizado russo. Luzhkov deixou o poder em setembro, por um decreto do presidente Dmitri Medvedev. As informações são da Dow Jones.