O presidente russo, Vladimir Putin, foi à Crimeia ontem para os desfiles que marcaram a vitória dos soviéticos sobre os nazistas na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), sua primeira visita à região desde que a ex-península ucraniana foi anexada à Rússia. A atitude de Putin foi criticada e considerada uma espécie de exibição de força.
No leste ucraniano, região em que rebeldes pró-Moscou planejam realizar um referendo amanhã para seguir o impulso da Crimeia e se separar da Ucrânia, forças de segurança de Kiev mataram 20 manifestantes alinhados com o Kremlin no porto de Mariupol. O confronto foi um dos mais sangrentos entre forças ucranianas e separatistas. As informações sobre mortos são do Ministério do Interior da Ucrânia.
O secretario-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Fogh Rasmussen, condenou a visita de Putin à Crimeia, cuja anexação, em março, não foi reconhecida por potências ocidentais. Ele também questionou informações sobre uma declaração do Kremlin de que havia retirado tropas da fronteira ucraniana.
O governo em Kiev definiu a visita de Putin à Crimeia como uma "provocação" cuja intenção era deliberadamente agravar a crise.
Ainda ontem, Putin presidiu a maior celebração do Dia da Vitória que Moscou realizou nos últimos anos.
Os tanques, aeronaves e mísseis balísticos intercontinentais foram um lembrete ao mundo e a eleitores russos da determinação de Putin de reviver o poderio mundial de Moscou, 23 anos após o colapso da União Soviética.
"A vontade ferrenha do povo soviético, seu destemor e resistência salvaram a Europa da escravidão", disse Putin em um discurso aos militares e veteranos de guerra reunidos na Praça Vermelha.
Estava previsto que ele iria ao desfile e a outros eventos do aniversário da guerra, na Crimeia. Este ano também é o 70º aniversário da batalha na qual o Exército Vermelho retomou controle da península crimeana, situada do Mar Negro, que estava sob ocupação dos nazistas, liderados por Adolf Hitler (1889-1945).
Para Rasmussen, da Otan, a viagem de Putin foi " inapropriada".
Pronta
O governo da Ucrânia anunciou ontem a intenção de discutir uma nova unidade nacional na tentativa de diminuir os atuais conflitos políticos no leste e sul do país. Em entrevista à agência Interfax, o primeiro-ministro, Arseni Yatseniuk, disse que "o país está pronto para lançar um diálogo em mesa redonda, que é uma nova prova de que a Ucrânia precisa de uma unidade, de um diálogo e da paz".