Putin, Serguei Shoigu (ministro russo da Defesa) e Alexander Bortnikov (da inteligência russa), em Sebastopol| Foto: Alexei Druzhinin/Reuters

Repercussão

Para americanos, atitude do líder russo foi "desnecessária"

Reuters

Os Estados Unidos classificaram a visita do presidente russo, Vladimir Putin, à Crimeia como uma provocação e reafirmaram a rejeição à anexação da península do Mar Negro pela Rússia.

"Essa viagem é provocativa e desnecessária. A Crimeia pertence à Ucrânia e, claro, não reconhecemos as medidas ilegais e ilegítimas da Rússia nesse assunto", disse a porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki, aos repórteres em sua coletiva de imprensa diária.

Os EUA não viram uma retirada das forças russas de sua fronteira com a Ucrânia, anunciada por Putin no começo da semana, declarou a porta-voz, exortando Moscou a acalmar as tensões.

"Queremos que a Rússia tome medidas para acalmar a situação. Acreditamos que eles podem influenciar as ações dos separatistas no local. Há mais coisas que eles podem fazer. E, obviamente, a viagem do presidente Putin à Crimeia não é a direção que buscamos".

Psaki reconheceu que o secretário de Estado, John Kerry, e o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, tiveram uma segunda conversa telefônica para discutir a Ucrânia.

Sem planos

A porta-voz do Departamento de Estado disse não haver planos concretos para novas reuniões sobre o tema entre Washington e Moscou. Kerry estará em Londres na semana que vem para conversas sobre a Síria – outro tópico mencionado no telefonema de ontem – e havia especulações de que ele poderia encontrar Lavrov na Europa.

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores russo, na conversa de sexta-feira Lavrov pediu um diálogo urgente, mediado pela Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, entre Kiev e regiões do leste ucraniano.

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O presidente russo, Vladimir Putin, foi à Crimeia ontem para os desfiles que marcaram a vitória dos soviéticos sobre os nazistas na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), sua primeira visita à região desde que a ex-península ucraniana foi anexada à Rússia. A atitude de Putin foi criticada e considerada uma espécie de exibição de força.

No leste ucraniano, região em que rebeldes pró-Moscou planejam realizar um referendo amanhã para seguir o impulso da Crimeia e se separar da Ucrânia, forças de segurança de Kiev mataram 20 manifestantes alinhados com o Kremlin no porto de Mariupol. O confronto foi um dos mais sangrentos entre forças ucranianas e separatistas. As informações sobre mortos são do Ministério do Interior da Ucrânia.

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O secretario-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Fogh Rasmussen, condenou a visita de Putin à Crimeia, cuja anexação, em março, não foi reconhecida por potências ocidentais. Ele também questionou informações sobre uma declaração do Kremlin de que havia retirado tropas da fronteira ucraniana.

O governo em Kiev definiu a visita de Putin à Crimeia como uma "provocação" cuja intenção era deliberadamente agravar a crise.

Ainda ontem, Putin presidiu a maior celebração do Dia da Vitória que Moscou realizou nos últimos anos.

Os tanques, aeronaves e mísseis balísticos intercontinentais foram um lembrete ao mundo – e a eleitores russos – da determinação de Putin de reviver o poderio mundial de Moscou, 23 anos após o colapso da União Soviética.

"A vontade ferrenha do povo soviético, seu destemor e resistência salvaram a Europa da escravidão", disse Putin em um discurso aos militares e veteranos de guerra reunidos na Praça Vermelha.

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Estava previsto que ele iria ao desfile e a outros eventos do aniversário da guerra, na Crimeia. Este ano também é o 70º aniversário da batalha na qual o Exército Vermelho retomou controle da península crimeana, situada do Mar Negro, que estava sob ocupação dos nazistas, liderados por Adolf Hitler (1889-1945).

Para Rasmussen, da Otan, a viagem de Putin foi " inapropriada".

Pronta

O governo da Ucrânia anunciou ontem a intenção de discutir uma nova unidade nacional na tentativa de diminuir os atuais conflitos políticos no leste e sul do país. Em entrevista à agência Interfax, o primeiro-ministro, Arseni Yatseniuk, disse que "o país está pronto para lançar um diálogo em mesa redonda, que é uma nova prova de que a Ucrânia precisa de uma unidade, de um diálogo e da paz".