A Coreia do Norte anunciou nesta sexta-feira (24) que testou um drone submarino nuclear capaz de gerar tsunamis radioativos, uma alegação que suscita dúvidas entre os especialistas, mas representa um novo soco na mesa em um tenso panorama marcado pelas manobras militares de Washington e pelos testes de armas de Pyongyang.
A imprensa norte-coreana noticiou que o regime testou esta semana, na presença do líder Kim Jong-un, um novo tipo de drone submarino ou torpedo guiado que ao explodir é capaz de provocar ondas gigantescas de poluição tal qual o sistema russo conhecido como Poseidon.
O drone foi lançado da costa nordeste da Coreia do Norte na terça-feira e "atingiu o ponto alvo nas águas da Baía de Hongwon, estabelecido como um porto inimigo simulado, com sua ogiva de teste detonando debaixo d'água na tarde de quinta-feira", detalhou a agência estatal de notícias norte-coreana KCNA.
O dispositivo, que explodiu “depois de navegar a uma profundidade de 80 a 150 metros seguindo um percurso oval e em oito no Mar do Leste (nome dado ao Mar do Japão nas duas Coreias) durante 59 horas e 12 minutos”, foi testado no momento em que a Coreia do Sul e os Estados Unidos realizam grandes manobras militares no sul da península.
“A missão desta arma é penetrar furtivamente nas águas operacionais e causar um tsunami radioativo em larga escala por meio de uma detonação submarina que destrua grupos de ataque naval e os principais portos operacionais do inimigo”, explicou o texto da KCNA.
Danos ambientais
Além de destruir frotas e infraestruturas, este tipo de armamento tem a capacidade de causar danos terríveis às regiões costeiras, que permaneceriam altamente contaminadas durante pelo menos várias décadas, tanto terra adentro como nas águas circundantes.
De acordo com o texto da agência, a arma, batizada de Veículo Submarino Não Tripulado Nuclear Haeil (Tsunami en coreano), começou a ser desenvolvida em 2012 e, após ser submetida a 50 tipos diferentes de testes (29 deles com a presença de Kim Jong-un), seu desdobramento operacional foi decidido no plenário do Partido dos Trabalhadores realizado em dezembro do ano passado.
A KCNA divulgou quatro fotos do teste de drone mostrando uma silhueta submarina e uma explosão perto da superfície do mar, e duas outras imagens de Kim em frente ao submarino não tripulado em um armazém cuja localização não foi revelada.
Tecnologia sob dúvida
Muitos analistas duvidam, em qualquer caso, da afirmação do regime - que garante que o drone navegou debaixo d'água por dois dias e meio — dada a alta complexidade que tal sistema exige.
A Rússia afirma já ter seus drones submarinos nucleares Poseidon implantados e em condições operacionais há apenas alguns meses, embora o enorme sigilo com que são desenvolvidos há anos impeça que mais detalhes sobre esse tipo de arma sejam conhecidos.
Mas sabe-se, por exemplo, que o Poseidon requer propulsão nuclear - uma capacidade que falta a Pyongyang - para permitir uma implantação e infiltração verdadeiramente bem-sucedidas.
Reação sul-coreana
Por sua vez, o presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, disse hoje que a Coreia do Norte "pagará por suas provocações temerárias" e ressaltou que Seul vai reforçar o chamado sistema de três eixos, que inclui defesas antimísseis, uma plataforma de ataques preventivos e planos para decapitar o regime.
A península vive um nível histórico de tensão após um 2022 em que o regime, que rejeitou as ofertas de retorno ao diálogo, realizou um número recorde de testes de armas e Seul e Washington voltaram a realizar grandes manobras na península, inclusive com porta-aviões movidos a energia nuclear e bombardeiros estratégicos dos EUA.
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