A Coreia do Norte anulou ontem um pacto destinado a evitar confrontos armados com a Coreia do Sul na fronteira terrestre comum e também na fronteira marítima entre os dois países. A península coreana vive um momento de tensão, após o naufrágio do navio militar sul-coreano Cheonan em março. Seul acusa o vizinho pelo naufrágio.
O governo de Pyongyang também advertiu sobre um ataque imediato, caso Seul viole a disputada fronteira marítima do Mar Amarelo. Também repetiu as ameaças de fechar um projeto industrial comum.
Investigadores de cinco países disseram na semana passada que há provas fartas de que um ataque com um torpedo realizado por um submarino norte-coreano afundou o navio Cheonan, perto da fronteira marítima entre os dois países.
O general Walter Sharp, do Exército dos Estados Unidos e comandante dos 28,5 mil soldados dos norte-americanos estacionados na Coreia do Sul, disse que seu país e os sul-coreanos "pedem ao Norte que cesse todos os atos de provocação e se mantenha fiel aos termos dos acordos passados, incluído o acordo do armistício".
Os EUA e mais 15 países, entre os quais a Colômbia e a Turquia, lutaram ao lado da Coreia do Sul na Guerra da Coreia (1950-1953), a qual acabou com um armistício, não com um tratado de paz. Já a República Popular da China e a União Soviética lutaram ao lado da Coreia do Norte. A guerra deixou entre 1,1 milhão e 1,5 milhão de mortos, segundo várias estimativas.
Seul anunciou uma série de represálias por causa do naufrágio do Cheonan, incluindo a paralisação do comércio bilateral. Pyongyang, que nega envolvimento no naufrágio, reagiu com uma retórica dura e anunciou que está cortando todos os laços com o vizinho.
Houve confrontos com mortes na fronteira em 1999 e 2002, além de um tiroteio em novembro do ano passado. Os militares sul-coreanos acreditam que o naufrágio do navio foi uma vingança por esse tiroteio recente.
O Exército da Coreia do Norte anunciou que estava desistindo de salvaguardas militares para os sul-coreanos que cruzarem a fronteira. Além disso, pretende considerar um bloqueio completo do acesso ao complexo industrial conjunto de Kaesong, que fica na parte norte-coreana da fronteira.
Cerca de 42 mil norte-coreanos trabalham em 110 fábricas sul-coreanas em Kaesong. O complexo foi desenvolvido como um símbolo da reconciliação. Um porta-voz do Ministério da Unificação disse que Seul está esperando para ver a atitude da Coreia do Norte sobre Kaesong.