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Inflação histórica, queda do poder de compra, alta excessiva dos preços, greves e baixa popularidade: são muitos os desafios de Liz Truss, nova premiê e líder do partido conservador do Reino Unido. Ela foi recebida nesta terça-feira (6) pela rainha Elizabeth II, o que oficializa sua substituição ao mandato de Boris Johnson.
Inflação recorde
A inflação no Reino Unido chegou a 10,1% em julho e deverá chegar a 13% em outubro, de acordo com o Banco da Inglaterra. A inflação poderá subir mais ainda, até 22% nos próximos meses, de acordo com o banco multinacional Goldman Sachs.
Alta dos preços
A crise energética pode fazer as faturas acumularem alta de 87% em outubro, segundo a consultoria Auxilione. De acordo com a ONG National Energy Action, cerca de 9 milhões de lares se encontram em situação de "pobreza energética", o que significa que gastam mais de 10% do rendimento em contas de eletricidade e gás. No ano passado, 4,5 milhões de casas estavam nessa situação.
Na segunda-feira, Truss declarou que esse será um dos assuntos prioritários nas próximas semanas de governo. A previsão é que o Reino Unido desembolse mais de 80 bilhões de libras (quase 482 bilhões de reais) para contornar essa crise. Esse foi o custo para os planos de recuperação econômica durante a crise de coronavírus.
Greves
Desde o começo do ano, mais de 300 greves aconteceram no Reino Unido, especialmente entre profissionais do transporte e do serviço de saúde. Kevin Rowan, líder de organizações sindicais britânicas, anunciou que nos próximos meses as manifestações devem aumentar, devido à maior mobilização de funcionários públicos que tentam negociar aumentos salariais.
Baixa popularidade nas ruas e no partido
De acordo com uma pesquisa recente do YouGov, sistema de sondagem sediado no Reino Unido, 52% dos britânicos estimam que Truss será uma "má ou muito má primeira-ministra".
Além disso, a eleição dentro do Partido Conservador, que definiu Truss como a nova premiê, teve a menor margem de vitória na história do Reino Unido. Com seus 57% de votos, sendo que um em cada cinco membros do partido não votaram, Liz Truss reúne menos de 50% de apoio dos conservadores, conforme aponta o Institute for Government.
Brexit
Truss também enfrenta o desafio de reunificar o partido em relação ao Brexit. Como ministra do Comércio Exterior, ela se tornou a principal agente de negociações comerciais do Reino Unido após o Brexit. Isso mudou seu posicionamento de 2016, quando votou pela permanência do Reino Unido na União Europeia.