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De acordo com o Indicador de Vida Humana, Hong Kong é o melhor lugar para viver | LAM YIK FEI/NYT
De acordo com o Indicador de Vida Humana, Hong Kong é o melhor lugar para viver| Foto: LAM YIK FEI/NYT

Anualmente, a Organização das Nações Unidas lança o Índice de Desenvolvimento Humano. O IDH é uma espécie de boletim de um país. Em apenas um número, indica para políticos e cidadãos o quão bem um país está. No último ano, a Noruega foi a melhor da turma – enquanto o Níger foi o último.

O índice foi criado em 1990. Antes disso, o nível de desenvolvimento de um país era medido apenas pelo seu crescimento econômico. Ao considerar aspectos não econômicos do bem-estar humano, o IDH revolucionou o significado de um país "mais desenvolvido". 

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O IDH foi muito bem sucedido em mudar a maneira com a qual as pessoas pensam sobre o processo de desenvolvimento de um país. Porém, apresenta algumas falhas sérias. Houve várias tentativas melhores, incluindo uma que publicamos no dia 06 de novembro.

Resolver os problemas do IDH faz uma grande diferença. Por exemplo: a Dinamarca é quinta colocada de acordo com o relatório na ONU, mas nosso índice faz com que fique em 27º – trocando de lugar com a Espanha.

Problemas com o IDH

O desenvolvimento humano é particularmente difícil de se medir. O IDH considera mudanças de três áreas: economia, educação e saúde. (Uma alternativa ao IDH, o Índice de Progresso Social, leva em consideração 54 áreas).

No nosso ponto de vista, o IDH apresenta três grandes problemas.

Em primeiro lugar, assume que compensações entre as áreas são implícitas. O IDH mede a saúde usando a expectativa de vida no momento do nascimento e mede as condições econômicas usando o PIB per capita. Assim, a mesma pontuação de IDH pode ser alcançada com diferentes combinações dos dois.

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Como resultado, o IDH subentende um valor para um ano adicional na expectativa de vida em termos de rendimento econômico. Esse valor difere de acordo com o nível de PIB per capita de um país. Vasculhe o IDH de um país e descobrirá se ele supõe que um ano adicional de vida vale mais nos EUA ou no Canadá, mais na Alemanha ou na França e mais na Noruega ou no Níger.  

O IDH também luta com a precisão e o significado dos dados subjacentes. A renda média pode ser alta em um país, mas e se a maioria for para uma pequena elite? O IDH não distingue entre dois países com o mesmo PIB per capita, mas com níveis de desigualdade de renda muito diferentes, assim como não distingue países considerando a qualidade da educação. Ao usar as médias gerais, o IDH pode obscurecer diferenças importantes no desenvolvimento humano. A incorporação de dados imprecisos ou incompletos em um índice reduz sua utilidade. 

Finalmente, os dados de diferentes áreas podem ser altamente correlacionados. Por exemplo, o PIB per capita e o nível médio de educação nos países estão fortemente relacionados. Incluir dois indicadores correlacionados pode fornecer pouca informação adicional em comparação a usar apenas um. 

Nosso indicador 

Nós propomos um novo indicador: o Indicador de Vida Humana (IVH). 

O IVH considera a expectativa de vida no momento do nascimento, mas também considera a desigualdade na longevidade. Se dois países tivessem a mesma expectativa de vida, o país com a maior taxa de mortes de bebês e crianças teria um IVH menor.  

Isso resolve o problema de ter compensações controversas entre seus componentes por ter apenas um dado. Ele resolve o problema de dados imprecisos, porque a expectativa de vida é o componente mais confiável do índice da ONU. Por causa do PIB per capita, o nível de educação e a expectativa de vida estão intimamente relacionados entre si, e pouca informação é perdida com o uso de um indicador de desenvolvimento humano baseado apenas na expectativa de vida. 

Nosso índice desenha uma imagem diferente daquela feita pelo IDH. Com base em dados de 2010 a 2015, a Noruega não está no topo da lista. Essa honra vai para Hong Kong, enquanto a Noruega cai para o nono lugar. A Noruega tem uma boa classificação no IDH, em parte por causa das receitas que recebe da exploração de petróleo e gás do Mar do Norte mas, mesmo com essa receita, a expectativa de vida ajustada à desigualdade na longevidade da Noruega não é a mais alta do mundo. 

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Além disso, usando a nossa medida, o Níger não é mais o último país. Essa distinção duvidosa vai para a República Centro-Africana. 

A ONU coloca o Canadá e os EUA como empatados em 10º lugar, mas o Canadá ocupa o 17º lugar no ranking mundial usando o nosso sistema, enquanto os EUA estão mal, ocupando o 32º lugar. Esta classificação relativamente maior do Canadá reflete a maior longevidade de seus habitantes e a menor desigualdade em suas idades de morte em comparação com as pessoas nos EUA. 

Em nossa opinião, a genialidade do IDH é importante demais para se desistir de um índice apenas por causa de problemas com sua implementação. Em nosso novo índice, fornecemos uma abordagem simples, livre dos problemas do IDH. Não há necessidade de se ter apenas uma medida do desenvolvimento humano, mas é útil ter pelo menos uma sem problemas controversos.

*Warren Sanderson é professor de Economia da Stony Brook University (Universidade Estadual de Nova York) 

*Sergei Scherbov é diretor adjunto do Programa Mundial de População do Instituto Internacional de Análise de Sistemas Aplicados (Áustria) 

*Simone Ghislandi é professora de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Bocconi (Itália)

©2018 The Conversation. Publicado com permissão. Original em inglês.

Traduzido por Gisele Eberspächer.

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