Bruxelas Os ataques terroristas de 11 de março de 2004 na Espanha são um marco na história do combate ao terror em toda a Europa, dizem os especialistas da Direção Geral de Justiça da Comissão Européia, com sede em Bruxelas, na Bélgica. Até aquela data, o esforço para conter o chamado inimigo oculto havia passado por outras duas fases, nenhuma com a relevância que o tema tem suscitado atualmente.
Até os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, o terrorismo era visto como um problema doméstico enfrentado por alguns dos países da União Européia. Essa visão iria mudar diante das cenas dos aviões atingindo as torres gêmeas e o Pentágono. A Comissão Européia decidiu reforçar seu sistema de cooperação interna nos âmbitos policial e judicial. No entanto, apesar das cerca de 3 mil mortes, a questão continuou sendo vista pela maioria como um problema distante.
A dimensão do terrorismo não foi subestimada apenas nas ruas. Nos prédios da União Européia em Bruxelas, onde 25 mil burocratas circulam diariamente para levar adiante o sonho do continente unido, o impacto durou pouco, admitem os especialistas da Justiça. Os seis documentos implementados logo após o 11 de setembro eram pouco mais que uma carta de intenções ao fim do inverno de 2002.
Em 11 de março de 2004, a autoconfiança européia seria abalada com as 200 mortes nas estações de Atocha, El Pozo e Santa Eugênia, em Madri. A partir daí, dizem os peritos na luta contra o terrorismo, os documentos "adormecidos" nas escrivaninhas foram reexaminados. A Europa não precisava pensar em novas fórmulas de combate ao terror. Os europeus, divididos em tantos temas, sabiam exatamente o que não queriam para o continente reestruturado a duras penas: nada dos bombardeios ou campos de concentração como os da 2.ª Guerra nem dos milhares de cadáveres despejados sobre os Bálcãs.
Para os funcionários da Comissão Européia, no entanto, mais importante que a cooperação é o esforço contra o preconceito diante das comunidades islâmicas decorrente dos ataques a Madri e avivado nos recentes atentados contra Londres. Bruxelas tem procurado reforçar a mensagem de que o terror, como antes do 11 de Setembro, deve voltar a ser visto como um problema doméstico, embora não mais.
* A jornalista está em Bruxelas a convite da Delegação da Comissão Européia no Brasil.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”