Porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi falou aos jornalistas sobre novo dia de debates.| Foto: SR/KR/TONY GENTILE

O Sínodo sobre a família entrou em seu quarto dia de debates e os jornalistas tentam achar respostas para as informações que têm vazado em redes sociais. Ao ser questionado sobre o que vem sendo dito, o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi, garante: “Foi dada toda a liberdade para que os padres sinodais publiquem suas colocações”.

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Até agora o discurso surpresa proferido pelo papa Francisco, na última segunda-feira (5), não foi oferecido na íntegra para os profissionais de imprensa. Mas uma frase publicada por um participante da assembleia – o padre Antonio Spadaro, diretor da revista Civiltà Cattolica que realizou a primeira grande entrevista com Francisco, ainda em 2013 – fez com que, mais uma vez, o assunto viesse à tona.

Publicações paralelas ao Sínodo

O cardeal Camillo Ruini, ex-vigário de Roma, e outros dez cardeais publicaram o livro “Matrimônio e família: prospectivas pastorais”.

Os purpurados, baseados na doutrina, explicam a impossibilidade de readmissão dos casais de segunda união aos sacramentos, trazem reflexões a respeito de uma via pastoral para casos de nulidade matrimonial (reforma já realizada por Francisco) e refletem a falta de fé e vivência eclesial daqueles que recorrem ao sacramento do matrimônio.

O livro foi publicado às vésperas do Sínodo sobre a família deste ano.

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Segundo ele, o papa teria dito aos padres sinodais para “não cederem a uma hermenêutica da conspiração”. Justamente essa frase foi questionada pelos vaticanistas presentes na coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (8).

“Posso dizer que não existem complôs nem conspirações e se trabalha com serenidade. O Sínodo é um processo de partilha e não devemos pensar que seja guiado por interesses particulares”, afirmou Lombardi.

Os debates nos círculos menores seguem até sexta-feira e, de acordo com os padres sinodais, a assembleia se desenvolve em clima de fraternidade e harmonia, sem debates acalorados e com a exposição de uma variedade de temas, entre os quais a perseguição aos cristãos, a imigração e o papel da mulher.

“Estamos preocupados e alarmados com a situação da nossa comunidade cristã, pelas nossas famílias que foram divididas e dilaceradas, sobretudo no Iraque e na Síria. Nós, como pastores e patriarcas, estamos presentes para ajudá-los e nos sentimos impotentes diante dessa situação trágica”, disse Ignatius Joseph III Yonan, patriarca de Antioquia dos sírios e presidente do Sínodo da Igreja Católica síria.

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Divorciados

Outro tema tratado na entrevista coletiva foi a introdução feita pelo húngaro Péter Erdo, relator-geral do Sínodo. Na segunda-feira, Erdo fez o discurso de introdução, baseado no documento de trabalho da assembleia, o Instrumentum laboris. Erdo afirmou que não há possibilidade de que os casais de segunda união tenham acesso à eucaristia, por considerar que não há espaço na doutrina para a readmissão aos sacramentos.

No mesmo dia, o papa Francisco, em seu discurso de abertura dos trabalhos, afirmou que, de fato, a doutrina não sofrerá modificações. Na terça-feira, o pontífice quebrou o protocolo e tomou a palavra diante de todos os padres sinodais, afirmando que os únicos documentos de referência do Sínodo extraordinário de 2014 são seus discursos de abertura e encerramento e o relatório final.

“O relatório de Erdo não é um simples texto, mas o resultado de uma leitura da Instrumentum laboris. É um texto fundamental, sim, mas essa é a interpretação que ele fez. Os círculos se baseiam na Instrumentum laboris do Sínodo extraordinário”, disse o arcebispo de Ancona, Edoardo Menichelli, participante da coletiva desta quinta-feira (8).