Quase um quarto dos russos acredita que o presidente Dmitry Medvedev não foi enérgico o suficiente no conflito com a Geórgia em torno da Ossétia do Sul, mostrou uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (18).
Cerca de 37 por cento dos entrevistados afirmaram que a postura de Medvedev durante o embate havia sido adequada. No entanto, 23 por cento defenderam que a resposta da Rússia fosse "mais dura e agressiva".
A pesquisa, realizada pelo Centro Panrusso para a Opinião Pública (VTsIOM), é a primeira a tratar da atuação do presidente desde que ordenou a imensa operação militar na vizinha Geórgia.
Outros 28 por cento afirmaram não ter ouvido os comentários de Medvedev a respeito do conflito. Para 7 por cento, e ele deveria ter sido mais cauteloso, e 4 por cento disseram que era difícil responder.
"A maioria dos russos é favorável à presença militar", afirmou à Reuters Olga Kamenchuk, diretora de comunicações da VTsIOM.
A divulgação dos resultados coincide com a promessa feita pelo presidente, nesta segunda-feira, de lançar uma "resposta esmagadora" no caso de qualquer cidadão russo vir a ser atacado no futuro.
O motivo pelo qual tantas pessoas desejam uma resposta mais enérgica da parte do governo tem relação com as expectativas criadas durante os dois mandatos do hoje ex-presidente Vladimir Putin, disse Kamenchuk.
Segundo a especialista, Medvedev tentaria imitar seu antecessor.
Atualmente, Putin ocupa o cargo de primeiro-ministro, mas muitos analistas acreditam que ele é o verdadeiro manda-chuva nos bastidores do poder.
Pouco depois do começo do conflito, o premiê apareceu em público percorrendo uma área próxima da zona de guerra. Ali, reuniu-se com soldados feridos e com refugiados.
Medvedev mobilizou as Forças Armadas russas para expulsar da Ossétia do Sul as forças georgianas, presentes ali para tentar garantir a retomada, pela Geórgia, do controle sobre a região.
Depois de rechaçar as forças georgianas, os russos, apesar das críticas feitas por potências ocidentais, bombardearam alvos na Geórgia e ingressaram em várias cidades do país.
"Acho que um dos motivos para o resultado da pesquisa é o chamado 'efeito Putin'. Durante seus dois mandatos, ele (Putin) desempenhou o papel do cara durão. Medvedev, com o passar do tempo, dá declarações cada vez mais duras", afirmou a analista.
"Ele está mais parecido com a imagem assumida pelo presidente anterior nos momentos de crise".
A VTsIOM entrevistou 1.594 pessoas em 46 regiões da Rússia, entre os dias 10 e 13 de agosto, do ápice do conflito até quarta-feira. A margem de erro é de 3,4 pontos percentuais.
Outros detalhes da pesquisa divulgados no fim de semana mostraram que 54 por cento dos russos culpavam a Geórgia pelo conflito e outros 22 por cento culpavam os EUA. Apenas 1 por cento considerou Medvedev responsável.
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