Quase metade dos colombianos temem que a desavença diplomática iniciada no mês passado, quando a Venezuela fechou várias passagens de fronteira e deportou milhares de colombianos, possa levar a uma guerra, mostrou uma pesquisa nesta terça-feira.
Segundo o levantamento, 43% dos entrevistados pelo instituto Cifras y Conceptos e divulgada pela Rádio Caracol e a Red + Notícias disseram temer que a crise possa desencadear um conflito militar entre os dois países; 20% afirmaram estar receosos de que mais colombianos sejam expulsos da Venezuela.
Os vizinhos sul-americanos podem romper as relações diplomáticas, disseram 19%, enquanto 13% acreditam que os venezuelanos podem trocar seu país pela Colômbia. As duas nações compartilham uma fronteira longa e porosa assolada pelo tráfico de drogas, por paramilitares, guerrilhas de esquerda e contrabandistas.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, atribuiu muitos dos problemas da Venezuela, que sofre uma recessão, aos colombianos. Maduro interditou grandes pontos de cruzamento e deportou 1.400 colombianos em agosto no que afirmou ser uma operação de repressão ao contrabando e ao crime. Desde então, até 18 mil colombianos deixaram a Venezuela.
Os opositores de Maduro afirmam que ele está usando os vizinhos como bode expiatórios para distrair a população da crise econômica.
Mais da metade das 3.848 pessoas entrevistadas, ou 51%, disseram que o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, está lidando bem ou muito bem com a crise, e 47% declararam que seus esforços são insuficientes. O levantamento tem uma margem de erro de 2,6%.
Estado de exceção
Nesta terça-feira (15), Maduro ampliou o estado de exceção a mais dez municípios na fronteira com a Colômbia, somando-se a outras 13 localidades onde a medida já havia sido implantada.
Maduro iniciou o fechamento de parte da fronteira no estado de Táchira em 19 de agosto sob justificativa de combater grupos paramilitares, provocando fortes condenações da Colômbia e da comunidade internacional. Com o último anúncio do presidente, o estado de exceção é estendido a sete localidades no estado de Zulia e três em Apure.
Maduro não esclareceu se a nova medida inclui o fechamento de postos de fronteira dos municípios. Se for confirmado, toda a fronteira com a Colômbia seria fechada exceto na parte que os dois países compartilham da Amazônia.
A decisão, anunciada durante seu programa de televisão “Em contato com Maduro”, foi acompanhada por mensagens ao presidente colombiano, Juan Manuel Santos, a quem o presidente da Venezuela acusa de não querer se encontrar para buscar uma solução para a crise na fronteira.
“Vou me reunir no lugar e na hora que você quiser. Devem participar os presidentes da Celac e da Unasul, mas eu sinto no meu coração que o presidente Santos não pretende reunir”, disse Maduro.