Violentos confrontos entre manifestantes e partidários do governo deixaram ao menos quatro mortos e 57 feridos no Iêmen na quinta-feira, o sétimo dia de manifestações exigindo o fim do governo do presidente Ali Abdullah Saleh, no poder há 32 anos.
Cerca de 3.000 marcharam no porto de Áden, no sul do país, e a polícia atirou para dispersar a multidão.
Autoridades de dois hospitais de Áden disseram à Reuters que três homens morreram em decorrência de ferimentos a bala após confrontos com a polícia.
Uma autoridade local informou mais cedo outra morte após 'tiros disparados aleatoriamente'. Ele disse que outras 17 pessoas ficaram feridas no incidente.
'Não à opressão, não à corrupção, as pessoas exigem a queda do regime', gritavam manifestantes em Áden, contra a morte de dois homens, nos dias anteriores de protestos.
O choque desta quinta começou em Sanaa, a capital do país, depois que cerca de 800 simpatizantes do governo armados com punhais e cassetetes entraram em confronto com aproximadamente 1.500 manifestantes, que responderam com pedradas.
Ao menos 40 pessoas ficaram feridas, estimou um repórter da Reuters, com base nos números fornecidos por ambos os lados.
Saleh vem tentando mitigar os protestos que já duram um mês e que agora ocorrem quase diariamente. Aliado dos Estados Unidos, ele enfrenta ainda em seu governo atividade do braço da Al Qaeda no Iêmen - autor de ataques contra alvos na região e no exterior.
'Não vamos parar de protestar até que esse regime caia. Já tivemos paciência por muito tempo', afirmou o estudante Salah Abdullah.
Os jovens das ruas dizem estar insatisfeitos com a corrupção e o desemprego em alta. Um terço da população do país, situado na Península Arábica, enfrenta a fome crônica e 40 por cento vive com menos de 2 dólares por dia.
Mais jovens nas ruas
O Iêmen tenta forjar uma trégua com os rebeldes xiitas do norte e conter um movimento separatista cada vez mais violento no sul.
Depois de horas de confronto na rua Sitteen, em Sanna, as vias estavam manchadas de sangue e as pessoas se escondiam dentro das lojas fechadas.
Um jornalista da Reuters disse que algumas dezenas de policiais estavam presentes durante os confrontos, mas apenas dispararam para o alto e não tentaram conter a briga. Partidários do governo bateram em diversos fotógrafos e tomaram suas câmeras.
Numa tentativa de acalmar as ruas, Saleh fez algumas concessões. Entre elas, a promessa de deixar o poder ao final de seu mandato em 2013 e não transferi-lo ao seu filho.
Os partidos de oposição, que levaram dezenas de milhares de pessoas para os protestos, agora concordaram em conversar com ele.
No entanto, os protestos continuam, não mais liderados pela oposição organizada. Estudantes e outros ativistas organizaram protestos menores, usando mensagens de texto de celular e o Facebook.
'Os protestos estão ficando com uma cara mais jovem e a incapacidade dos partidos de oposição de controlá-los é uma notícia ruim para o presidente Saleh', disse Charles Dubar, da Boston University.
'Os EUA e a comunidade internacional terão um motivo real de preocupação num mundo pós-Saleh no Iêmen, onde o Estado em geral e o Exército em particular não estão em condições de manter o controle, caso ele parta.'
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