Nos últimos meses, questões econômicas têm levado manifestantes às ruas em pelo menos quatro países. Em dois deles, Haiti e Jordânia, os governos caíram. Na Venezuela, a reclamação momentânea é em relação a aumentos salariais. Categorias fazem protestos frente a uma inflação que dobra os preços a cada mês. E no Egito, aumentos em serviços essenciais tem estimulado a revolta nas ruas e nas redes sociais.
Haiti: primeiro-ministro cai por tentar aumentar os combustíveis
Um acordo do Haiti com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para melhorar as contas públicas levou, no início do mês, a uma onda de protestos que acabou resultando na renúncia do primeiro-ministro Jack Guy Lafontant, no dia 14. Um dos itens do documento previa a suspensão dos subsídios dos combustíveis, o que levaria a um aumento de 51% na gasolina, diesel e querosene.
A possibilidade de alta nos preços da gasolina no país se somou à pobreza, à violência e às consequências do terremoto de 2010, levando a uma série de atos contra o governo.
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Manifestantes bloquearam estradas com barricadas em chamas, complicando os trajetos na capital Porto Príncipe; saqueadores invadiram supermercados e lojas; outros miraram hotéis e empresas. Pelo menos sete pessoas foram mortas.
Em meio à onda de protestos, Lafontant suspendeu o aumento dos combustíveis. Mas os atos não cessaram e os parlamentares chegaram a se organizar para votar o impedimento dele. Mas antes, o primeiro-ministro renunciou.
Egito: economia vai bem mas a insatisfação é grande
A economia egípcia está aquecida: o FMI projeta um crescimento de 5,2% no PIB em 2018 e de 5,5% em 2019. Mas a insatisfação no terceiro país mais populoso da África é grande. Na semana passada, milhares de pessoas foram às redes sociais pedir a renúncia do presidente Abdel-Fattah el-Sissi, que chegou ao poder há seis anos, por meio de um golpe.
Enquanto a economia está crescendo e recebendo aplausos de investidores, o programa de austeridade de Sissi está complicando a vida de egípcios e alimentando as críticas a seu governo.
Os aumentos no custo de vida desencadearam a indignação pública. Cortes acentuados em subsídios elevaram os preços de combustível, gás de cozinha e eletricidade. O governo também introduziu um novo imposto sobre valor agregado e adotou o câmbio flutuante para a libra egípcia, que consequentemente perdeu valor. Uma alta nos preços do metrô já tinha levado as pessoas às ruas em maio.
Jordânia: manifestantes vão às ruas contra alta nos impostos
Outro país no mundo árabe que enfrentou protestos por causa da deterioração na situação econômica foi a Jordania. Milhares de pessoas tomaram as ruas das principais cidades do país nos maiores protestos contra o governo em anos, exigindo que um plano de aumento de impostos fosse desfeito. Em algumas áreas, os manifestantes queimaram pneus e entraram em confronto com a polícia.
Os manifestantes exigiram que o governo renunciasse, com a revolta alimentada por aumentos dos preços dos combustíveis e cortes nos subsídios. Assim como no Haiti, o primeiro ministro renunciou.
Os parceiros ocidentais do reino veem os sinais de inquietação social com preocupação. A Jordânia é um aliado militar fundamental, inclusive na luta contra os militantes islâmicos.
Venezuela: protestos para melhorar os salários e fazer frente à hiperinflação
Os protestos contra o caos econômico e político na Venezuela já foram maiores. Eles foram duramente reprimidos, nos últimos meses, pela ditadura de Nicolás Maduro. Mas não param, diante da severa alta nos preços. O FMI estima que a inflação no país chegue a 1.000.000%, a 23ª maior da história, segundo um estudo da Universidade Johns Hopkins (EUA).
Ontem, trabalhadores do setor elétrico entraram em greve pedindo aumentos salariais e investimentos para modernizar as empresas. Por causa da falta de recursos nas companhias de eletricidade, as cidades venezuelanas estão sujeitas a frequentes apagões.
Na semana passada, foi a vez de os trabalhadores da saúde se mobilizarem. Eles pediam aumento nos salários para fazer frente à crescente inflação. No país, em média, os preços dobram a cada mês. Não houve resposta do governo.
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