Quatro paranaenses que foram retidos por moradores da região de Uyuni, no sudoeste da Bolívia, foram libertados na manhã de ontem. A informação é dos familiares dos rapazes, que conseguiram entrar em contato com eles à noite, por telefone. Os quatro viajaram para o local no sábado para conhecer um deserto de sal e foram impedidos de voltar na terça-feira por trabalhadores de mineradoras que protestavam por melhores salários.
Herotides Ruiz Arruda, 56 anos; o filho Diogo Ruiz, 24 anos, e os irmãos Marcos e Bruno Tosin, de 24 e 23 anos, respectivamente, viajaram para o Chile no sábado e saíram da localidade de São Pedro do Ata- cama no mesmo dia, em uma excursão com destino ao Salar de Uyuni. A viagem, feita em camionetes, levaria quatro dias. Na terça-feira, quando retornavam para o Chile, o grupo foi impedido de prosseguir por moradores que bloquearam a estrada.
Segundo informações dos paranaenses, passadas aos familiares, outras 90 pessoas, de várias nacionalidades, estavam na excursão e também ficaram retidas por pelo menos 12 horas. A região tem dificuldade de acesso às redes de comunicação e o grupo conseguiu informar os familiares da situação por meio de uma mensagem enviada por rádio de um turista turco, na noite de terça. O grupo foi libertado na manhã de ontem, mas eles só conseguiram contatar os parentes no fim da tarde.
O pai de Marcos e Bruno, Otávio Tosin, conversou com os filhos por volta das 18 horas. Os rapazes contaram que foram libertados por iniciativa dos próprios manifestantes, mas que algumas pessoas da excursão, possivelmente 40, continuavam retidas quando eles deixaram o local. Os dois contaram ainda que haveria um quinto brasileiro no grupo, mas não o identificaram. O grupo seguiu em uma camionete para Santiago.
De acordo com o relato feito aos familiares, durante a retenção os paranaenses ficaram dentro do veículo e não foram vítimas de violência. Os manifestantes não estavam armados, aparentemente. "Não foram violentos, mas todos usavam capuzes ocultando o rosto", contou a mãe de Diogo, Regina Ruiz, que falou com o filho no mesmo horário. As duas ligações foram feitas de celulares dos próprios rapazes e tinham o som muito ruim.
"Eles estão viajando sem paradas, de madrugada, para não correr mais nenhum risco. Só estaremos tranquilos quando eles chegaram a Santiago e nós conseguirmos conversar direito", espera Regina. "Eles ficaram 18 horas sem conseguir se comunicar diretamente conosco. Não sabemos exatamente o que aconteceu", ressalvou Otávio.
O evento não foi tratado como sequestro pelo Itamaraty, que se limitou a fornecer informações às famílias. No início da noite, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil informou que o grupo já estava em território chileno.
O Salar de Uyuni é a maior planície salgada do mundo. Aproximadamente 50 mineradoras exploram as salinas da região.