Quatro departamentos (estados) da Bolívia convocaram nesta terça-feira uma greve cívica na sexta-feira, para exigir o cumprimento da Constituição e a lei de convocação da Assembléia Constituinte, em resposta ao que chamaram de conduta totalitária do governo de Evo Morales.
A decisão foi tomada esta madrugada por uma assembléia de líderes políticos e cívicos dos departamentos de Santa Cruz, Beni, Pando e Tarija, governados por partidos de oposição ao governo socialista de Morales.
Após seis horas de deliberações, a assembléia regional avisou que tomará novas medidas de pressão caso o governo não atenda as suas reivindicações. Os líderes das regiões, que ocupam dois terços do território da Bolívia e onde vive um terço da população, reivindicam também que o Governo do Movimento Ao Socialismo (MAS) respeite o resultado do plebiscito de 2 de julho.
O regime autônomo foi aprovado por quase dois terços do eleitorado das regiões oposicionistas. Os outros cinco departamentos seguiram a orientação do MAS, votando pelo "não".
Germán Antelo, presidente do comitê cívico de Santa Cruz, a região mais próspera da Bolívia, disse que os constituintes são livres para decidir se irão à Assembléia. Na reunião, vários oradores pediram que os constituintes não voltem a Sucre, sede da Constituinte, até que se resolva a crise.
Outra decisão foi convocar um diálogo nacional e construir uma saída democrática para a atual crise da Assembléia. Na sexta-feira, o MAS impôs um regimento que, segundo a oposição, viola a Constituição atual. Os três principais partidos oposicionistas, a aliança conservadora Poder Democrático e Social (Podemos), o direitista Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR) e a centrista União Nacional (UN) abandonaram a Constituinte em protesto.
Os seguidores de Morales querem que a Constituinte tome decisões por maioria simples, em vez dos dois terços que estabelece a atual Carta Magna e a lei de convocação da Assembléia.
Além disso, consideram a Constituinte com plenos poderes, podendo legislar sobre todas as instituições, no que a oposição vê uma tentativa de Morales de dar um autogolpe.
Os líderes regionais denunciaram a conduta totalitária do governo e solicitaram a presença de uma comissão de órgãos estrangeiros. Eles vão pedir aos observadores internacionais que garantam o respeito aos direitos humanos e o funcionamento legal da Assembléia.
Além disso, anunciaram uma aliança para a defesa da democracia e do Estado de direito, assim como para fazer cumprir as decisões adotadas esta madrugada.
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