Moscou Um avião da companhia Armavia, da Armênia, caiu na madrugada de quarta-feira no Mar Negro ao tentar aterrissar em meio a uma tempestade, na região de Sochi, na costa da Rússia. Até a noite de ontem, as equipes de resgate já haviam recuperado os corpos de 48 dos 113 ocupantes do Airbus A-320. Um porta-voz das equipes de salvamento disse que as operações de rastreamento em alto mar, a cerca de seis quilômetros do litoral, continuariam durante toda a noite de ontem para resgatar todos os corpos, e afirmou que ainda não foi encontrada a caixa-preta. A Promotoria da região russa de Krasnodar, onde se encontra Sochi, informou à agência Interfax, que os forenses deram início à identificação das vitímas e que já determinaram a identidade de duas pessoas, uma menina e uma mulher. A tripulação e a maioria dos 105 passageiros do avião, que percorria a rota entre a capital da Armênia, Yerevan, e Sochi, eram armênias, embora a bordo também estivessem 26 russos, assim como pelo menos uma ucraniana e um georgiano.
A Armavia desmentiu possíveis problemas técnicos a bordo e afirmou que o avião estava em perfeitas condições de vôo, sendo pilotado por uma tripulação experiente. A fabricante Airbus enviou uma equipe de analistas a Sochi para ajudar a estudar as causas do acidente. As autoridades russas descartaram, além disso, a possibilidade de um atentado terrorista como causa da tragédia. Um mau tempo repentino é considerado até o momento a causa mais provável da catástrofe do Airbus A-320, que caiu no mar enquanto realizava uma segundo tentativa de aterrissagem.
O chefe dos serviços russos de resgate na região, general Serguei Kudínov, disse que, aparentemente, a bordo do A-320 ninguém esperava o acidente. "Os corpos resgatados não levavam coletes salva-vidas, o que supõe que o ocorrido foi totalmente inesperado", completou.
Em Sochi aterrissaram procedentes de Yerevan dois aviões com parentes das vítimas da catástrofe, e a chegada de um terceiro aparelho é esperada. A União de Armênios da Rússia anunciou que seus representantes estão ajudando a acolher esses parentes em Sochi. A organização abrirá uma conta especial ou criará ainda uma fundação para arrecadar dinheiro para os parentes das vítimas.
Akop Akopian perdeu a mãe, Zara, 49 anos, na catástrofe. "Ela me ligou dez minutos antes do horário de chegada previsto para me falar que o avião estava prestes a pousar. Dez minutos depois, o avião desapareceu dos radares", relata o jovem armênio. Larissa Sarkisian conta que era a primeira vez que sua amiga Mara, aeromoça do vôo 967, fazia o trajeto até Sochi. "Queria pedir a Mara que levasse algo para mim a Moscou. Mas a mãe dela me disse que ela tinha ido a Sochi. Era a primeira vez que ela ia para lá", conta Larissa
Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Armênia, Robert Kocharián, decidiram ontem decretar luto no próximo dia 5 em ambos os países em memória dos 113 ocupantes do Airbus A-320. Também expressaram condolências pelo acidente representantes de muitos países, entre eles o Papa Bento XV.