O Pentágono confirmou que o avião de passageiros malaio que caiu nesta quinta-feira (17), na Ucrânia, perto da fronteira com a Rússia, foi abatido por um míssil. Em resposta, o Conselho de Segurança da ONU convocou uma reunião de emergência sobre a queda do avião nesta sexta-feira.
O Ministério da Defesa americano não soube informar, no entanto, qual seria o autor do ataque. Segundo a CNN, 298 pessoas estavam a bordo da aeronave da Malaysia Airlines, que caiu em Torez, a cerca de 40 quilômetros da fronteira.
Obama oferece ajuda para saber "o que houve" com avião que caiu na Ucrânia
Antes, o conselheiro do Ministério do Interior da Ucrânia, Anton Gerashenko, tinha postado em sua página no Facebook, que a aeronave, identificada como um Boeing 777, estava a uma altitude de 10 mil metros (33 mil pés) quando foi atingida por um míssil disparado por lançador modelo Buk, sistema que pode disparar mísseis a uma altitude de até 22 mil metros (72 mil pés).
A caixa-preta da aeronave foi localizada por insurgentes, de acordo com a Agência EFE. Jornalistas da Associated Press relataram ter visto um lançador de mísseis semelhante nas proximidades da cidade de Snizhne, leste da Ucrânia, na manhã desta quinta-feira.
Dezenas de corpos estavam espalhados ao redor dos destroços ainda em chamas no ponto da queda, constatou um repórter da Reuters no local.
Um funcionário dos serviços de emergência disse que pelo menos 100 corpos tinham sido encontrados até o momento no local, perto do vilarejo de Grabovo, e pedaços de corpos estavam espalhados por até 15 quilômetros.
Partes quebradas das asas estavam marcadas com tinta azul e vermelha, as cores do emblema da Malaysian Airlines.
Apesar de não ter confirmado oficialmente a queda, por meio de seu Twitter, a Malaysia Airlines informou que perdeu contato com o voo MH17, que partiu de Amsterdã em direção a Kuala Lampur, na Malásia. O último contato teria sido feito sobre o espaço aéreo ucraniano.
Segundo o chefe do órgão responsável pelo espaço aéreo da Ucrânia, Dmytro Babeychuk, o avião estava voando normalmente, sem problemas, até desaparecer do radar.
"O voo estava ocorrendo normalmente. Não houve nenhuma palavra sobre qualquer problema da tripulação", disse ele em entrevista coletiva.
Insurgentes dizem que avião foi derrubado por caça ucraniano; governo rebate
A queda da aeronave ocorreu na região de Donetsk, palco de combates entre forças governamentais e rebeldes separatistas pró-Rússia, e foi confirmada pelo serviço de tráfego aéreo da Ucrânia.
O avião da Malaysia Airlines teria sido derrubado por um caça-bombardeiro da Força Aérea ucraniana, denunciaram insurgentes pró-Rússia. Representantes da autoproclamada República Popular de Lugansk, uma das duas regiões rebeldes do leste da Ucrânia, divulgaram esta versão sobre o que ocorreu com o avião que cobria a rota Amsterdã-Kuala Lumpur e que caiu na região de Donetsk.
Representantes da separatista e autoproclamada república popular de Donetsk também negaram que disponham de armamento para derrubar um avião que voe a 10 mil metros de altura.
Por outro lado, o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, acredita que um "ato terrorista" foi a causa da queda de um avião da Malásia na quinta-feira, disse seu assessor.
"Poroshenko crê que esse avião foi abatido: não é um incidente, não é uma catástrofe, mas um ato terrorista" disse Svatoslav Tsegolko.
O primeiro-ministro do país ordenou a criação de uma comissão especial para investigar a queda do avião. O governo ucraniano disse que irá exigir uma investigação internacional sobre o caso.
Segundo incidente da Malaysia Airlines em 2014
A companhia aérea Malaysia Airlines já teve um incidente com avião de passageiros este ano, quando o voo MH370 saiu de Kuala Lumpur na madrugada do dia 8 de março (tarde do dia 7 no Brasil) com 239 pessoas e deveria chegar a Pequim seis horas mais tarde, tendo sua queda presumida - e sem sobreviventes - dias mais tarde pelo governo malaio.
O avião desapareceu dos radares cerca de 40 minutos após a decolagem e mudou de rumo em uma "ação deliberada", segundo as autoridades malaias, atravessando o Estreito de Malaca e seguindo na direção contrária a de seu trajeto inicial.
Desde então, as buscas prosseguem na região onde o avião, também um Boeing 777, poderia ter caído. Na última mudança do curso da investigação, a Austrália deslocou a operação para o sul de onde a busca tinha sido feita anteriormente.
Segundo o governo australiano, a análise da informação dos satélites permitiu definir uma nova zona de buscas, que abrange cerca de 60 mil quilômetros quadrados frente aos 860 quilômetros quadrados onde era feita a operação anteriormente.