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Curitiba – Quem ajudou a derrubar o Muro de Berlim há exatos 17 anos, participando de um momento histórico, não poderia imaginar que barreiras do gênero continuariam sendo construídas mundo afora, graças às artimanhas da política internacional. O uso do obstáculo físico para separar dois universos distintos pode ter viés ideológico, econômico, militar e até mesmo envolver uma componente religiosa, como é o caso do muro construído por Israel, a nação dos judeus, para isolar os palestinos, seguidores do islamismo.

O "muro da vergonha", como ficou conhecida a barreira que separou a Alemanha em duas partes, era também a divisão entre pólos que se opunham durante a Guerra Fria: o mundo capitalista, liderado pelos EUA, e o comunista, representado pela União Soviética. Hoje, uma das poucas cercas que mantêm essa natureza puramente ideológica, é a que separa a Coréia do Norte e a do Sul.

Mais pragmática é a construção recém-aprovada pelo presidente dos EUA, George W. Bush – um muro com extensão de mais de 1.200 quilômetros a ser erguido ao longo de toda a fronteira com o México. Estados Unidos e México compartilham a visão neoliberal do mundo, mas o governo de Washington quer conter a imigração dos mexicanos e dos demais latino-americanos que se aventuram perigosamente atrás do "sonho americano".

Apesar do avanço significativo que os EUA tiveram nas relações políticas e comerciais com o México, a questão da imigração ainda não é bem resolvida, diz Leonardo Arquimimo de Carvalho, pesquisador da Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (Direito GV). "Não houve política de promoção aos imigrantes. O que se vê hoje é uma política hostil para os latinos nos EUA."

Os Estados Unidos toleraram a entrada de imigrantes latino-americanos até o momento em que eles precisavam de sua mão-de-obra, eficiente e barata; agora se trata de um incômodo problema social, acha Edgar Deddeca, historiador da Unicamp, para quem "a separação de territórios sempre indica uma política agressiva" entre as partes envolvidas.

Já no caso da construção do muro para separar os territórios israelenses e palestinos na Cisjordânia se observa uma disputa político-religiosa sobre a região, diz Deddeca. "O muro serve para impedir palestinos de transitar livremente pelos territórios de Israel."

Antigo recurso

A construção de muros está em prática desde a Antiguidade. A Muralha da China é exemplo disso. As cidades medievais eram completamente muradas para garantir a defesa de território e evitar invasões. "Hoje os muros foram substituídos por fronteiras nacionais, que não deixam de ser muros invisíveis", comenta Deddeca. As barreiras alfandegárias também mantêm a lógica isolacionista, explica.

História

O muro de Berlim foi construído em 1961, por ordem do regime soviético de Josef Stálin. Sua queda, em 9 de novembro de 1989, foi festejada no mundo todo por prenunciar o fim da Guerra Fria.

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