O Senado da Rússia aprovou nesta terça-feira (14) a nomeação do economista Andrei Belousov como ministro da Defesa, em substituição a Serguei Shoigu, que ocupou o cargo nos últimos 12 anos.
“A principal tarefa continua sendo, sem dúvida, alcançar a vitória e garantir a realização dos objetivos político-militares da operação militar especial [como o Kremlin chama a guerra contra a Ucrânia] estabelecida pelo presidente. A propósito, e eu gostaria de enfatizar isso em particular, com o número mínimo de baixas”, declarou Belousov, em seu discurso no Senado.
Belousov enfatizou que a prioridade será fornecer armas, munição, drones e equipamentos de guerra radioeletrônicos de nova geração para as unidades que atualmente lutam na Ucrânia.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, alegou que a nomeação de um civil com experiência econômica para o Ministério da Defesa tem justamente o objetivo de integrar gastos com defesa (que hoje representam quase um terço do orçamento do governo federal) com a economia russa em geral e estimular a inovação.
Belousov nasceu em Moscou e tem 65 anos. Formou-se em economia pela Universidade Estatal de Moscou em 1981, ainda na época do comunismo, e foi pesquisador na Academia de Ciências da União Soviética, depois transformada na Academia Russa de Ciências.
Em 2000, fundou o Centro de Análise Macroeconômica e Previsões de Curto Prazo, o primeiro think tank especializado em macroeconomia da Rússia. A partir da chegada do ditador Vladimir Putin ao poder, em 1999, exerceu diversos cargos no governo federal, como consultor e ministro do Desenvolvimento Econômico.
O site Foreign Policy destacou que, desde o início da invasão à Ucrânia, em fevereiro de 2022 (Belousov já havia apoiado a anexação da península ucraniana da Crimeia, em 2014), o novo titular da Defesa, como primeiro vice-primeiro-ministro russo, prestou serviços valiosos para o esforço de guerra de Moscou, como supervisionar a expansão da produção de drones, usados em grande escala no conflito, e propor um imposto sobre lucros “inesperados” das grandes empresas, que injetou US$ 3 bilhões nos cofres do Estado.
Além da maior integração entre economia e gastos militares prometida por Peskov, a substituição de Shoigu, um aliado de longa data de Putin, gerou especulações de que o ditador estaria insatisfeito com o desempenho russo na guerra e de que a saída estaria relacionada aos escândalos de corrupção no Ministério da Defesa.
Ao menos cinco pessoas foram presas recentemente na Rússia por acusações de corrupção na pasta, entre elas, o ex-vice-ministro de Shoigu, Timur Ivanov, detido em abril por suspeita de receber propinas.
“A nomeação de uma figura de confiança [Belousov] do presidente, proveniente de uma agência diferente, vai perturbar o rígido sistema de ligações corruptas dentro do Ministério da Defesa”, escreveu, em artigo para o site Meduza, o blogger nacionalista Dmitry Seleznev, que acrescentou que “é óbvio [também] que esta mudança está sendo feita com o objetivo de fortalecer o componente econômico do bloco militar”. (Com Agência EFE)