Senador Bernie Sanders perdeu nas primárias democratas para a candidata Hillary Clinton, que perdeu para Donald trump nas eleições gerais de 2016| Foto: ALEX EDELMAN/AFP

Bernie Sanders, senador independente dos EUA que perdeu para Hillary Clinton nas primárias democratas de 2016, anunciou nesta terça-feira (19) que lançará sua segunda candidatura à Casa Branca. Ele disse que uma de suas principais motivações é derrubar o presidente Donald Trump. 

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"Acho que o atual ocupante da Casa Branca é uma vergonha para o nosso país", disse Sanders em entrevista à Rádio Pública de Vermont, estado que o elegeu. "Acho que ele é um mentiroso patológico. Todo dia ele está contando uma mentira ou outra, e não me dá prazer dizer isso. Eu também acho que ele é racista, sexista, homofóbico, um xenófobo, alguém que está ganhando pontos políticos baratos ao apontar para minorias, muitas vezes imigrantes sem documentos". 

Quem é Bernie Sanders 

Sanders nasceu em Brooklyn, Nova York. Em sua campanha de 2016, ele disse que foi criado em um "modesto apartamento alugado de três quartos e meio" e que isso o ajudou a moldar sua plataforma e sua visão sobre a economia no mundo. Sanders frequentou a Universidade de Chicago, onde esteve envolvido na defesa dos direitos civis e foi preso por protestar contra a segregação habitacional. 

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Depois de se formar, Sanders passou um tempo em um kibbutz em Israel antes de se estabelecer em Vermont em 1968. Ele trabalhou como jornalista e carpinteiro antes de iniciar sua carreira política com quatro tentativas fracassadas ao governo do estado, concorrendo pelo Partido da União da Liberdade. 

Em 1981, ele foi eleito prefeito de Burlington, Vermont, por uma margem de 10 votos. Depois de quatro mandatos de dois anos como prefeito, Sanders foi eleito como representante do distrito único de Vermont na Câmara dos Representantes em 1990. Ele foi eleito para o Senado em 2006. 

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Em 2010, seu nome ficou nacionalmente conhecido. Sanders falou por mais de oito horas na tribuna do Senado ao tentar impedir o acordo entre o então presidente Barack Obama e os republicanos do Congresso para estender os cortes de impostos da era Bush. 

Sanders foi anteriormente o presidente do Comitê de Assuntos de Veteranos e agora é o líder democrata no Comitê de Orçamento. Ele também foi membro fundador do Comitê Parlamentar Progressista em 1991. Em 2017, o líder da minoria do Senado, Chuck Schumer, o nomeou presidente do 115º Congresso. 

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Há três anos, quando concorreu às primárias para a presidência, Sanders derrubou o establishment do partido Democrata, conquistando o apoio da ala liberal e dos jovens democratas e provocando um movimento esquerdista que introduziu no Congresso progressistas como Alexandria Ocasio-Cortez nas midterms do ano passado. Suas críticas a adversária Hilary Clinton definitivamente enfraqueceram a candidatura dela nas eleições gerais contra Trump. 

Usando seu reconhecimento nacional, ele visou grandes corporações que pagavam baixos salários e tinham precárias condições de trabalho. Em setembro, Sanders introduziu a Lei Pare BEZOS, que taxaria grandes empresas, como a Amazon.com, de Jeff Bezos, cujos funcionários recebem serviços sociais do governo. Um mês depois, ele elogiou Bezos por aumentar o salário mínimo da empresa para os funcionários dos EUA. 

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Apesar de ter perdido para Clinton, o senador independente de Vermont obteve cerca de 13 milhões de votos nas primárias e convenções democratas. Sua plataforma criticava a desigualdade econômica e o que ele descreveu como a ganância de Wall Street, movendo os democratas para a esquerda. Sanders popularizou o termo "socialista democrático" e tornou os sonhos políticos progressistas, como o sistema de saúde universal financiado pelo governo e a faculdade pública gratuita, mais aceitáveis dentro do partido. 

O que ele vai enfrentar em 2020

A questão agora é se Sanders será capaz de recriar essa excitação em torno de sua campanha, ao mesmo tempo em que amplia sua base para além dos millennials e progressistas. Sua campanha de 2016, sob o lema "Um Futuro para Acreditar", serviu como uma alternativa liberal à plataforma mais centrista de Clinton, mas vários candidatos mais jovens já entraram na corrida presidencial de 2020 defendendo metas políticas similares. 

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O apoio ao “Medicare para Todos”, em particular, tornou-se um teste decisivo para candidatos presidenciais democratas de esquerda. O Medicare de Sanders, apresentado na legislatura anterior, teve 16 copatrocinadores, incluindo os senadores Elizabeth Warren, de Massachusetts, Jeff Merkley, do Oregon, Kamala Harris, da Califórnia, Kirsten Gillibrand, de Nova York e Cory Booker, de Nova Jersey. 

Warren, Harris, Booker e Gillibrand já anunciaram suas candidaturas, assim como a senadora Amy Klobuchar. Vários outros democratas de alto perfil estariam considerando entrar na corrida também. O ex-secretário de Habitação e Desenvolvimento Urbano dos EUA, Julian Castro, o ex-deputado de Maryland John Delaney e o prefeito de South Bend, Indiana, Pete Buttigieg também iniciaram campanhas. 

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Outro problema que pode surgir é a adesão do público feminino, cada vez mais importante nas eleições americanas. Em meio ao movimento #MeToo e ao número recorde de candidatas à candidatura democrata, Sanders teve que lidar com vários relatos de que as mulheres que trabalharam em sua campanha de 2016 enfrentaram assédio sexual e disparidades salariais. 

Sanders pediu desculpas às mulheres e disse que, embora se orgulhasse do trabalho que sua campanha fizera para "defender as necessidades das famílias trabalhadoras", os padrões e salvaguardas implementados pela campanha eram inadequados. 

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Sua campanha também terá que lidar com a raiva persistente entre seus partidários e partidários de Clinton, que culpam a extensa campanha primária de Sanders por prejudicá-la nas eleições gerais contra Trump. Apesar de Sanders fazer campanha por Clinton nos principais estados após sua derrota primária, ele ainda está se colocando como um inimigo do establishment político de ambos os partidos.