Ouça este conteúdo
Bernie Sanders, senador independente dos EUA que perdeu para Hillary Clinton nas primárias democratas de 2016, espera dessa vez ser o escolhido do Partido Democrata para enfrentar o presidente Donald Trump nas próximas eleições presidenciais dos EUA, em novembro.
O processo de escolha do candidato democrata ainda está no início e um número grande de pré-candidatos permanece na disputa, mas Sanders tem se saído bem nas pesquisas entre eleitores do partido. O pré-candidato mais à esquerda entre os democratas tem desbancado alguns nomes mais moderados nas primeiras prévias do partido.
Ao anunciar o lançamento da sua candidatura no início do ano passado, Sanders disse que uma das suas principais motivações é derrubar o presidente Trump, a quem chamou de "mentiroso patológico", além de "racista, sexista, homofóbico e xenófobo".
Quem é Bernie Sanders
Sanders nasceu em Brooklyn, Nova York. Em sua campanha de 2016, ele disse que foi criado em um "modesto apartamento alugado de três quartos e meio" e que isso o ajudou a moldar sua plataforma e sua visão sobre a economia no mundo. Sanders frequentou a Universidade de Chicago, onde esteve envolvido na defesa dos direitos civis e foi preso por protestar contra a segregação habitacional.
Depois de se formar, Sanders passou um tempo em um kibbutz em Israel antes de se estabelecer em Vermont em 1968. Ele trabalhou como jornalista e carpinteiro antes de iniciar sua carreira política com quatro tentativas fracassadas ao governo do estado, concorrendo pelo Partido da União da Liberdade.
Em 1981, ele foi eleito prefeito de Burlington, Vermont, por uma margem de dez votos. Depois de quatro mandatos de dois anos como prefeito, Sanders foi eleito como representante do distrito único de Vermont na Câmara dos Representantes em 1990. Ele foi eleito para o Senado em 2006.
Em 2010, seu nome ficou nacionalmente conhecido. Sanders falou por mais de oito horas na tribuna do Senado ao tentar impedir o acordo entre o então presidente Barack Obama e os republicanos do Congresso para estender os cortes de impostos da era Bush.
Sanders foi anteriormente o presidente do Comitê de Assuntos de Veteranos e líder democrata no Comitê de Orçamento. Ele também foi membro fundador do Comitê Parlamentar Progressista em 1991. Em 2017, o líder da minoria do Senado, Chuck Schumer, o nomeou presidente do 115º Congresso.
Há quatro anos, quando concorreu às primárias para a presidência, Sanders derrubou o establishment do partido Democrata, conquistando o apoio da ala liberal e dos jovens democratas e provocando um movimento esquerdista que introduziu no Congresso progressistas como Alexandria Ocasio-Cortez nas eleições de meio de mandato de 2018. Suas críticas à adversária Hilary Clinton definitivamente enfraqueceram a candidatura dela nas eleições gerais contra Trump.
Usando seu reconhecimento nacional, ele visou grandes corporações que pagavam baixos salários e tinham precárias condições de trabalho. Em setembro, Sanders introduziu a Lei Pare BEZOS, que taxaria grandes empresas, como a Amazon.com, de Jeff Bezos, cujos funcionários recebem serviços sociais do governo. Um mês depois, ele elogiou Bezos por aumentar o salário mínimo da empresa para os funcionários dos EUA.
Apesar de ter perdido para Clinton, o senador independente de Vermont obteve cerca de 13 milhões de votos nas primárias e convenções democratas. Sua plataforma criticava a desigualdade econômica e o que ele descreveu como a ganância de Wall Street, movendo os democratas para a esquerda. Sanders popularizou o termo "socialista democrático" e tornou os sonhos políticos progressistas, como o sistema de saúde universal financiado pelo governo e a faculdade pública gratuita, mais aceitáveis dentro do partido.
O que ele enfrenta em 2020
A questão agora é se Sanders será capaz de recriar essa excitação em torno de sua campanha, ao mesmo tempo em que amplia sua base para além dos millennials e progressistas. Sua campanha de 2016, sob o lema "Um Futuro para Acreditar", serviu como uma alternativa progressista à plataforma mais centrista de Clinton.
O apoio ao "Medicare para Todos", em particular, tornou-se um teste decisivo para candidatos presidenciais democratas de esquerda. O Medicare de Sanders, apresentado na legislatura anterior, teve 16 copatrocinadores, incluindo os senadores Elizabeth Warren, de Massachusetts, Jeff Merkley, do Oregon, Kamala Harris, da Califórnia, Kirsten Gillibrand, de Nova York e Cory Booker, de Nova Jersey.
Outro problema que pode surgir é a adesão do público feminino, cada vez mais importante nas eleições americanas. Em meio ao movimento #MeToo e ao número recorde de candidatas à candidatura democrata, Sanders teve que lidar com vários relatos de que as mulheres que trabalharam em sua campanha de 2016 enfrentaram assédio sexual e disparidades salariais.
Sanders pediu desculpas às mulheres e disse que, embora se orgulhasse do trabalho que sua campanha fizera para "defender as necessidades das famílias trabalhadoras", os padrões e salvaguardas implementados pela campanha eram inadequados.
Sua campanha também terá que lidar com a raiva persistente entre seus partidários e partidários de Clinton, que culpam a extensa campanha primária de Sanders por prejudicá-la nas eleições gerais contra Trump. Apesar de Sanders fazer campanha por Clinton nos principais estados após sua derrota primária, ele ainda está se colocando como um inimigo do establishment político de ambos os partidos.
VEJA TAMBÉM:
- Quem é o azarão democrata que desbancou Biden e Sanders em Iowa
- Buttigieg se torna pedra no sapato de Biden antes de novas primárias democratas
- Trump mais perto do segundo mandato (Coluna de Leonardo Coutinho)
- O que Bernie Sanders disse sobre o aborto e os países pobres
- O que Bernie Sanders perdeu em sua lua de mel na União Soviética
- Bernie Sanders é capitalista, quer ele goste ou não
- Sanders acusa Bolsonaro de ameaçar jornalista Glenn Greenwald