Ebrahim Raisi, presidente do Irã, é conhecido por seu governo linha-dura e alvo de grandes protestos em Teerã| Foto: EFE/EPA/IRANIAN PRESIDENTIAL OFFICE
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Foi confirmada, nesta segunda-feira (20), a morte do presidente do Irã, Ebrahim Raisi, de 63 anos, em um acidente de helicóptero em uma zona montanhosa do noroeste do país.

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Nascido na cidade de Mashhad, em dezembro de 1960, Raisi cresceu em uma família ligada à linhagem do profeta Maomé, pai do islamismo. Aos 15 anos, já frequentava o seminário na cidade de Qom e, mais tarde, se descreveu como um aiatolá, um clérigo xiita de alto escalão.

Com 25 anos, se tornou procurador-adjunto de Teerã, período em que atuou como um dos juízes que autorizavam os assassinatos em massa nos tribunais secretos de 1988, também conhecidos como "Comitê da Morte".

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Sua participação nos atos de crueldade o tornaram conhecido como "o carniceiro de Teerã". Nessa época, milhares de prisioneiros políticos, que já cumpriam penas de prisão, foram novamente julgados pelo regime. A maioria deles era membro da oposição de esquerda, liderada pelo grupo Mujahedin-e Khalq (MEK) ou Organização Popular Mujahedin do Irã (PMOI).

Raisi ascendeu ao cargo de presidente em 2021 após vencer eleições de fachada, controladas pelo líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, que desqualificou outros candidatos para consolidar seu pupilo no cargo. Na ocasião, ele obteve cerca de 60% de apoio nas urnas, na menor participação da história da República Islâmica (pouco abaixo de 49%).

Antes disso, em 2017, Raisi já havia tentado se candidatar à presidência, época em que perdeu para Hassan Rouhani, que também é clérigo e tentava um segundo mandato.

Como era protegido por Khamenei, em 2019 foi indicado para o cargo de chefe do Judiciário e, dias depois, também foi eleito vice-presidente da Assembleia de Peritos, o órgão clerical de 88 membros responsável pela eleição do próximo Líder Supremo.

Na liderança do Judiciário, Raisi conseguiu passar reformas e manter o Irã entre os países que mais matam pessoas no mundo, atrás somente da China. Os cargos relevantes no país também deram liberdade a Raisi para aumentar a repressão contra dissidentes e perseguir estrangeiros sob acusações de espionagem no país.

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Em 2022, um ano depois de garantir um dos maiores poderes internos de Teerã - a presidência - enfrentou uma onda de protestos violentos marcados pela morte da jovem Mahsa Amini, assassinado sob custódia da polícia islâmica. Nesse período, sua abordagem linha-dura voltou a ganhar força.

A repressão dos agentes de segurança do país durou meses, resultando na morte de mais de 500 pessoas e 22 mil detenções.

Também na sua gestão, o Irã elevou o enriquecimento de urânio próximo aos níveis de armas. Assim que assumiu o cargo, Raisi reduziu a abertura para a realização de inspeções internacionais no país, a fim de evitar um controle do programa nuclear iraniano por outros países.

Mais recentemente, o governo de Raisi defendeu o massacre do Hamas contra Israel, país com o qual não possui relações diplomáticas.

Desde o ataque surpresa da milícia, que vitimou mais de 1200 israelenses e fez mais de 250 reféns em Gaza, Teerã tem elogiado e patrocinado grupos palestinos e libaneses em sua guerra contra o Estado de Israel.

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Em abril, o Irã, sob o governo de Raisi, lançou um ataque direto com mais de 300 drones e mísseis contra Israel. As aeronaves não tripuladas foram interceptadas pelas forças de defesa do país, com o apoio dos Estados Unidos.

A ação foi motivada por um bombardeio ao consulado do Irã em Damasco, na Síria, no início daquele mês. A investida, que deixou ao menos oito mortos, foi atribuída pelos dois países a Israel.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]