A promessa de vingança a qualquer custo contra os EUA é o que mais se sabe até agora sobre o general iraniano Esmail Ghaani, sucessor de Qasem Suleimani, morto na última sexta-feira, 3, em um ataque norte-americano ao aeroporto de Bagdá, no Iraque.
Com uma trajetória pouco conhecida, mas que parece seguir os passos de seu antecessor, Ghaani foi nomeado ainda na sexta-feira pelo aiatolá Ali Khamenei para liderar a Força Quds, unidade de elite da Guarda Revolucionária do Irã. No anúncio, o líder supremo do Irã reforçou que Ghaadi seria "um dos mais proeminentes comandantes" em serviço no país.
Aos 62 anos, Ghaani assume um dos mais altos postos iranianos em meio à comoção popular e com a promessa de não mais aceitar as forças norte-americanas na região. "Prometemos continuar no caminho do mártir Suleimani tão firmemente quanto antes. Com a ajuda de Deus e, em troca de seu martírio, pretendemos nos livrar da América da região", anunciou em rede nacional de TV no último domingo, ao assumir o posto.
Nascido na cidade de Mashhad, no Nordeste do país, em 8 de agosto de 1957, Ghaani ingressou na Guarda Revolucionária do Irã em 1980. Segundo relatos na imprensa internacional, Ghaani e Suleimani foram companheiros por oito anos na guerra entre Irã e Iraque, na mesma década. Em uma das poucas aparições na agência de notícias estatal, Ghaani afirmou que ele e Suleimani eram "filhos da guerra" que se tornaram "amigos no campo de batalha".
Foi após o período de guerra que Ghaani e Suleimani chegaram à recém-fundada Força Quds, onde permaneciam no comando desde 1997. Juntos, lideravam grupos de inteligência. De acordo com analistas ocidentais, enquanto o líder Suleimani se concentrava em estratégias com países a oeste do Irã, o vice Ghaani focava no diálogo com países do leste, como Afeganistão e Paquistão.
Embora tenha uma carreira discreta, o militar tem sanções contra seu nome pelos EUA desde 2012. Segundo a agência Associated Press, o Tesouro Americano impôs sanções contra Ghaani descrevendo-o como responsável por "desembolsos financeiros" a aliados à Força Quds. As sanções também ligavam o nome de Ghaani a um carregamento interceptado de armas em um porto na cidade de Lagos, na Nigéria, em 2010.
Ainda segundo a AP, em janeiro de 2015, Ghaani disse indiretamente que o Irã envia mísseis e armas aos palestinos para combater Israel. "Os EUA e Israel são pequenos demais para se considerar alinhados ao poder militar do Irã", afirmou Ghaani na época. "Esse poder agora apareceu ao lado do povo oprimido da Palestina e Gaza na forma de mísseis e armas".
Ao assumir a liderança da Força Quds, Ghaani passa a responder apenas ao líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei. Também passa a supervisionar o programa de mísseis do Irã, a comandar as forças navais no Golfo Pérsico e a contar com um contingente de pelo menos 125 mil soldados voluntários. Embora o Irã não tenha avançado com as ameaças de vingança, o certo é que, se elas se consolidarem, contarão com as estratégias e a devoção de Ghaani.
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