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A corrida presidencial no Chile, que deverá ocorrer somente em novembro de 2025, ainda está a meses de se intensificar, mas as movimentações políticas já sinalizam uma possível favorita: Evelyn Matthei.
Economista e política de longa data, Matthei tem se consolidado como o principal nome da oposição de centro-direita para suceder Gabriel Boric, atual presidente, vinculado à extrema esquerda chilena, que, pela legislação, não pode disputar a reeleição. Pesquisas recentes apontam a liderança de Matthei nas intenções de voto, deixando para trás nomes como José Antonio Kast, segundo colocado na última disputa presidencial, e a ex-presidente Michelle Bachelet (2006-2010/2014-2018).
Trajetória política
Nascida em Santiago, em 1953, Evelyn Matthei tem uma longa história no serviço público. Filha de Fernando Matthei Aubel, um importante oficial militar durante o regime de Augusto Pinochet, ela construiu sua carreira política de forma independente, ocupando cargos de grande relevância. Foi deputada, senadora, ministra do Trabalho durante o governo do falecido ex-presidente Sebastian Piñera (2010-2014/2018-2022) e, mais recentemente, prefeita de Providencia, uma das comunas mais importantes da capital chilena, Santiago.
Matthei iniciou sua carreira política no partido de direita Renovação Nacional, mas foi na União Democrata Independente (UDI), uma das principais forças do campo conservador chileno, que consolidou sua atuação. Sua primeira tentativa de chegar à presidência ocorreu em 2013, quando perdeu para Michelle Bachelet no segundo turno. Desde então, a economista continuou ativa na política, sendo reeleita prefeita de Providencia em 2021, cargo que ocupou até o começo deste mês, quando decidiu oficializar sua candidatura à presidência.
A popularidade de Matthei pode ser em parte atribuída à sua capacidade de dialogar com o eleitorado moderado. Em um Chile que passou por intensos protestos sociais entre 2019 e 2022, a população parece agora buscar estabilidade. Segundo uma reportagem da revista britânica The Economist, Matthei afirmou recentemente que "os chilenos estão cansados do extremismo e querem sensatez", uma mensagem que tem ressonado entre eleitores de centro que estão insatisfeitos com as promessas não cumpridas pelo governo liderado por Boric.
Matthei se apresenta como uma candidata focada em soluções práticas. Em suas propostas, destaca o controle dos gastos públicos, a atração de investimentos para impulsionar a economia e o combate à burocracia que, segundo ela, trava grandes projetos no país. Questões como a segurança pública e o enfrentamento à imigração ilegal também estão entre suas prioridades, temas que vêm ganhando força no debate público.
Favoritismo nas pesquisas
Pesquisas recentes do instituto Cadem mostram Matthei liderando as intenções de voto com 24%, seguida por José Antonio Kast, com 14%. Em cenários de segundo turno, ela vence todos os seus principais adversários, incluindo Kast, com uma vantagem de 27 pontos, e a ex-presidente Michelle Bachelet, com 16 pontos de diferença. A performance da candidata de direita reflete não apenas sua popularidade, mas também a rejeição crescente ao governo progressista atual, que enfrenta índices de desaprovação acima de 60%.
Além disso, sua gestão como prefeita de Providencia foi bem avaliada, consolidando sua imagem como uma líder eficiente. Em novembro de 2023, ela foi apontada como a política mais bem avaliada do Chile, com mais de 70% de aprovação.
Novo contexto político?
A eleição presidencial de 2025 poderá ser a primeira em anos em que nenhum candidato da esquerda radical terá o favoritismo. O governo Boric, marcado por dificuldades econômicas e escândalos de corrupção, deixou um espaço aberto para figuras mais conservadoras.
Matthei, ao mesmo tempo em que mantém sua identidade política de direita, tem buscado moderar o discurso, tentando posicionar-se como uma alternativa mais equilibrada e viável, que possa atrair tanto os votos da direita mais nacionalista quanto dos liberais mais ao centro. Enquanto isso, seu principal rival dentro do espectro conservador, José Antonio Kast, ainda mantém uma base de apoio fiel e tem até ganhado terreno, apesar das pesquisas ainda apontarem para o favoritismo da ex-prefeita de Providencia.