Francisco Sagasti foi escolhido como presidente interino do Peru nesta segunda-feira (16), em votação no Congresso| Foto: Luka GONZALES/AFP
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Francisco Sagasti é o novo presidente interino do Peru. Ele foi eleito pelo Congresso nesta segunda-feira (16), com 96 votos a favor e 26 contra, depois de uma semana dramática para o país, que começou com a destituição do ex-presidente Martín Vizcarra. Em suas primeiras palavras como presidente eleito, lembrou os dois jovens que morreram baleados durante os protestos contra o breve governo interino de Manuel Merino.

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“Não podemos devolver a vida a eles, mas podemos, desde o Congresso e Executivo, tomar medidas para que isso não volte a acontecer”,afirmou em um discurso logo após ser nomeado. “Faremos todo o possível para restaurar a confiança dos cidadãos. Estou convencido de que só podemos progredir trabalhando juntos, colaborando”. Sagasti ainda prometeu investigar as mortes dos manifestantes e colocar um fim na violência policial vista nos últimos dias, especialmente na capital Lima.

Sagasti vai tomar posse nesta terça-feira e, se não houver outras crises, governará o país até 28 de julho do ano que vem, quando o presidente que será eleito em abril assumirá o governo. Os parlamentares também definiram nesta segunda que Mirtha Vásquez, do partido de esquerda Frente Amplio, será a nova presidente do Congresso.

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Quem é Sagasti e por que ele foi escolhido?

Sagasti, 76, é novo na política. Conquistou seu primeiro cargo eletivo nas eleições parlamentares extraordinárias de janeiro deste ano. É engenheiro industrial, pesquisador, professor universitário, escritor e até compositor musical. Foi consultor e assessor em organizações internacionais, como Unesco e Banco Mundial e OEA (Organização dos Estados Americanos), geralmente focado em assuntos relacionados à tecnologia.

Em 1996, foi sequestrado junto com 71 pessoas durante ataque do Movimento Revolucionário Túpac Amaru, guerrilha de inspiração marxista, à residência do embaixador japonês no Peru. Como parlamentar era presidente da comissão de Ciência, Inovação e Tecnologia do Congresso.

Sagasti é dirigente do Partido Morado, partido de centro-direita que ajudou a fundar em 2017. Antes de ser escolhido pelos parlamentares como presidente, estava começando a organizar sua campanha como vice em uma chapa com seu parceiro de partido Julio Guzmán, para as eleições presidenciais de 2021. Ao assumir a presidência, ele abriu mão da pré-candidatura.

O Partido Morado foi o único que votou em bloco contra a vacância de Vizcarra na semana passada. Havia uma pressão popular para que o novo presidente fosse alguém que tivesse adotado essa postura na votação sobre a saída do ex-presidente. Por isso, os legisladores entenderam que o nome de Sagasti seria uma boa opção para acalmar os protestos e a crise política pela qual o país está passando, mesmo havendo diferenças ideológicas entre eles. A única bancada que se opôs totalmente à eleição de Sagasti foi a dos fujimoristas, do partido Fuerza Popular.

Vizcarra viu com bons olhos a eleição de Sagasti. "Saúdo que a responsabilidade prevaleceu sobre interesses particulares. Só uma pessoa com princípios democráticos poderá suportar a difícil situação que vive o país", escreveu no Twitter. Contudo, o ex-mandatário disse que ainda está esperando uma decisão do Tribunal Constitucional sobre a constitucionalidade do uso da "moção de vacância por incapacidade moral permanente" para tirá-lo do cargo. "Não permitamos que se volte a gerar uma situação de instabilidade e ansiedade, nem que haja um ataque à democracia", concluiu.

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