Em 25 de setembro, os italianos vão às urnas para as eleições gerais no país, antecipadas devido ao colapso da coalizão do primeiro-ministro Mario Draghi. Na disputa, aparece como favorita a deputada Giorgia Meloni, de 45 anos e líder do partido conservador Irmãos da Itália. Se vencer, ela será a primeira premiê mulher da história italiana.
Nas últimas pesquisas, a legenda de Meloni apareceu em empate técnico na liderança com o centro-esquerdista Partido Democrático, liderado por Enrico Letta.
Para garantir a maioria no Parlamento, os Irmãos da Itália têm como trunfo a aliança com a direitista Liga Norte, de Matteo Salvini (crítico da imigração ilegal, como Meloni), e o partido de centro-direita Forza Italia, do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, em cujo governo Meloni foi ministra da Juventude entre 2008 e 2011.
A deputada é acusada por seus opositores de ser neofascista, já que o símbolo dos Irmãos da Itália tem uma chama com as cores da bandeira italiana que também aparecia no logo do Movimento Social Italiano, legenda neofascista fundada após a Segunda Guerra Mundial (e extinta em 1995). Além disso, em 2019, Meloni apoiou Caio Giulio Cesare Mussolini, bisneto do ditador Benito Mussolini, na sua candidatura ao Parlamento Europeu.
Entretanto, a deputada nega posições extremistas. “A direita italiana relegou o fascismo à história há décadas, condenando inequivocamente a supressão da democracia e as ignominiosas leis contra os judeus”, disse Meloni numa mensagem gravada em inglês, francês e espanhol que foi divulgada na semana passada.
Embora seja crítica de aspectos burocráticos da União Europeia, a deputada também negou que pretenda tirar a Itália do bloco.
“Há dias venho lendo artigos na imprensa internacional sobre as próximas eleições para um novo governo na Itália, nos quais sou descrita como um perigo para a democracia e para a estabilidade italiana, europeia e internacional”, disse Meloni na mensagem, acrescentando que essas análises consideram que uma vitória dos Irmãos da Itália seria “um desastre, levando a uma virada autoritária, à saída da Itália do euro e outras bobagens desse tipo”. “Nada disso é verdade”, garantiu.
Para enfatizar o argumento de que a Itália seguirá próxima dos seus parceiros no Ocidente, Meloni destacou que num eventual governo seu a Itália continuará apoiando a Ucrânia na guerra contra a Rússia – os aliados políticos da deputada já manifestaram posições alinhadas a Moscou antes da guerra, visto que Berlusconi é amigo de Vladimir Putin e Salvini elogiou o presidente russo, e seus partidos questionaram o envio de armas para os ucranianos.
“Sempre defendemos e apoiamos a causa ucraniana, não apenas porque acreditamos na causa, mas também porque a Itália não pode arriscar ser o elo fraco da aliança ocidental”, afirmou Meloni à emissora estatal RAI no final de julho. “[O Ocidente] precisa saber que pode contar conosco. Eu não toleraria qualquer hesitação neste ponto.”
Mãe de uma menina de cinco anos, Meloni é cristã e já se manifestou contra a ideologia de gênero e o “fundamentalismo climático”.
Lorenzo Pregliasco, presidente da empresa de pesquisas YouTrend, disse à agência Associated Press que as pesquisas de opinião indicam que Meloni é percebida pelos italianos como “uma líder que tem ideias claras – nem todos concordam com essas ideias, é claro”.
“Ela é creditada como tendo uma abordagem consistente e coerente sobre política. Ela não fez concessões”, acrescentou Pregliasco.
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