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Eleições

Quem é Gustavo Petro, primeiro presidente de esquerda eleito na Colômbia

Gustavo Petro em debate em março: senador e ex-prefeito de Bogotá foi amigo de Hugo Chávez e teve propostas questionadas por banco americano (Foto: EFE/Mauricio Dueñas Castañeda)

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O novo presidente da Colômbia é Gustavo Francisco Petro Urrego, 62 anos, do partido de esquerda Pacto Histórico. Gustavo, eleito neste domingo por pequena margem acima de 50% dos votos, ocupa cadeira no Senado, já foi prefeito de Bogotá, e tem biografia controversa por já ter feito parte da guerrilha M-19 e ter sido amigo de Hugo Chávez, embora seja um desafeto de Nicolás Maduro, presidente atual da Venezuela. É o primeiro presidente de esquerda eleito pelos colombianos.

Gustavo Petro comemorou a vitória de 11 milhões de votos no Twitter: “Hoje é dia de festa para o povo. Que festeje a primeira vitória popular. Que tantos sofrimentos se amorteçam na alegria que hoje inunda o coração da Pátria. Esta vitória [é] para Deus e para o Povo e sua história. Hoje é o dia das ruas e praças.”

Nascido em Ciénaga de Oro (“Pântano de Ouro” em português) no departamento de Córdoba, uma região do país com litoral no Mar do Caribe, Petro é filho de fazendeiros. O nome composto Gustavo Francisco é homenagem ao pai e ao avô. Católico, embora diga francamente que já questionou a existência de Deus, diz que segue a teologia da libertação, criticada recentemente pelo Papa.

Nos anos 1970, a família migrou para a cidade de Zipaquirá, com mais oportunidades. No colégio La Salle, o jovem Gustavo fundou um jornal estudantil chamado Carta al Pueblo. Foi aos 17 anos que ele se tornou membro da guerrilha Movimento 19 de Abril (M-19), grupo surgido em 1974. Aos 25 anos, Gustavo Petro foi preso por porte ilegal de armas pelo exército colombiano. Cumpriu pena por um ano e meio. Depois, a guerrilha foi convertida em um partido, a Aliança Democrática M-19, que começou a ganhar assentos na Câmara em 1991. Mas foi por outro movimento político, o Via Alterna, que Petro se elegeu representante pela primeira vez em 1992. Ele recebeu a honraria de “melhor representante” em votação do próprio Congresso e da imprensa.

A carreira no senado começou em 2006, com o primeiro ano já agitado por um escândalo político em que Petro acusou o governo de ter membros mancomunados com grupos paramilitares. Ele foi um dos principais oponentes do governo Álvaro Uribe no Congresso. Em 2007, fazendo referência direta ao passado de Petro, Uribe disse que “eu teria sido um grande guerrilheiro, porque eu não teria sido um guerrilheiro de atirar lama [como Petro], mas um guerrilheiro de rifles. Teria sido um sucesso militar, não um protagonista falso”.

Petro tentou ser presidente pela primeira vez nas eleições de 2010, obtendo à época 9,1% dos votos. O agora presidente eleito estudou economia na Universidade Externado de Colômbia e fez especialização na Escola Superior de Administração Pública (ESAP). Depois, obteve o título de mestre em economia pela Pontifícia Universidade Xavieriana, estabelecida pelos jesuítas em Bogotá no ano de 1623.

Durante a campanha do primeiro turno, Petro foi acusado de espionagem por outro concorrente, Federico “Fico” Gutiérrez, de direita. Fico também acusou o rival de planejar um perdão para corruptos condenados. Petro negou ambas as acusações.

O partido Pacto Histórico também obteve bons resultados nas eleições legislativas da Colômbia, em março passado. Garantiu 22 de 108 assentos no Senado e 24 de 188 assentos na Câmara dos Representantes.

Petro pretende aumentar impostos sobre as quatro mil maiores fortunas do país e sobre propriedades improdutivas com mais de 500 hectares. Seus planos também envolvem pagar por educação superior de todos os servidores da segurança pública, cota de 50% de vagas para mulheres nos cargos públicos e o estímulo às fontes renováveis de energia.

O banco americano JPMorgan Chase é cético quanto às propostas econômicas do presidente eleito e declarou que, enquanto as metas de igualdade são positivas, o gasto gerado pelas metas sociais, projetado como um aumento de 5,5% do PIB, pode levar ao comprometimento das contas colombianas. Além disso, a reforma agrária poderia levar a uma falta de compradores de terras tributadas em excesso.

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