Em primeiro plano o ex-procurador-geral dos EUA Jeff Sessions. Ao fundo, Matthew G. Whitaker, nomeado por Trump para conduzir temporariamente o Departamento de Justiça| Foto: SAUL LOEB/AFP

Matthew Whitaker, que vai dirigir temporariamente o Departamento de Justiça, dá ao presidente dos EUA, Donald Trump, o líder que ele há muito tempo procura para o órgão: um político leal e que já criticou a expansão da investigação sobre a interferência da Rússia nas eleições presidenciais de 2016.

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Agora, pelo menos provisoriamente, Whitaker assumirá a autoridade sobre essa investigação, um arranjo que já desencadeou pedidos de democratas para que ele não aceite o cargo. 

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Em um comunicado divulgado na quarta-feira (7), Whitaker disse estar "comprometido em liderar um departamento justo com os mais altos padrões éticos, que defende o estado de direito e busca justiça para todos os americanos". 

Antes de ingressar no Departamento de Justiça, em 2017, como chefe de equipe do agora ex-procurador-geral Jeff Sessions, Whitaker atuou como advogado dos Estados Unidos em Iowa, tentou se eleger para o Senado e administrou a Fundação para Responsabilização e Confiança Cívica (FATC, na sigla em inglês), grupo conservador de vigilância ética.

Seus colegas conservadores consideram o histórico político de Whitaker como um ativo. "Há tantas coisas que cabem à responsabilidade do Departamento de Justiça que estão na interseção entre lei e política e que você realmente precisa ter conhecimento e ser capaz de ver a questão tanto em termos políticos quanto legais", disse o ex-procurador-geral George Terwilliger III. 

Como chefe de gabinete da Sessions, Whitaker reuniu-se com o presidente no Salão Oval mais de uma dúzia de vezes, normalmente acompanhando o procurador-geral, de acordo com um alto funcionário do governo. 

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Antes de ingressar no Departamento de Justiça, ele fez comentários sugerindo que a investigação do conselheiro especial Robert Mueller sobre a ligação entre russos e a campanha de Donald Trump para supostamente influenciar as eleições de 2016 é muito abrangente. Em um artigo publicado em agosto de 2017 na CNN, Whitaker refletiu sobre o avanço da investigação de Mueller sobre as finanças pessoais do presidente e sua família, alegando que “isso levantaria sérias preocupações de que a investigação do conselheiro especial fosse uma mera caça às bruxas”. Neste artigo ele pediu ao vice-procurador-geral Rod Rosenstein para "limitar o escopo desta investigação".

Assim como Sessions, Whitaker também tem ligações com uma testemunha na investigação: o ex-presidente da campanha Trump, Sam Clovis. Os dois têm sido próximos desde que Whitaker presidiu a campanha de Clovis para tesoureiro do estado de Iowa em 2014. 

Clovis foi entrevistado como testemunha na investigação de Mueller por causa de suas comunicações com George Papadopoulos, conselheiro júnior da campanha de Trump que repetidamente tentou intermediar uma reunião entre Trump e o presidente russo Vladimir Putin. Clovis confirmou na quarta-feira que é amigo de Whitaker, mas rejeitou a sugestão de que o relacionamento deles tenha levantado questões sobre a capacidade de Whitaker de supervisionar a investigação sobre a interferência russa. 

"Não é relevante e Matt tem alta integridade. Estou muito feliz por ele e ele fará um trabalho fantástico", disse Clovis. "Ele é um homem tão bom quanto eu já conheci, um conservador lúcido e desejo-lhe o melhor". 

A demissão de Sessions já era esperada. Ele se absteve do inquérito depois que foi revelado que ele havia se encontrado mais de uma vez com o embaixador russo nos Estados Unidos durante a campanha de 2016, embora ele tivesse dito durante sua audiência de confirmação que ele não havia se encontrado com nenhum russo. Desde então, Sessions se tornou um alvo de críticas do presidente Trump, que acredita que a investigação é uma “caça às bruxas” que nunca deveria ter começado.

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Trump afirmou que um nome permanente para o cargo de procurador-geral será anunciado em outra ocasião.