O ex-jogador de basquete que foi cinco vezes campeão da NBA Dennis Rodman pode participar do encontro histórico entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, na próxima terça-feira (12) em Cingapura. Quem levantou a possibilidade foi o jornal The New York Post, em reportagem publicada nesta terça-feira (5). Segundo o jornal, Rodman, conhecido por seu comportamento excêntrico e pela capacidade de pegar rebotes, pode ter até alguma participação nas negociações, sendo uma espécie de embaixador da boa vontade.
O que explica a presença de um ex-astro da NBA na cúpula é que Rodman carrega a distinção de ter sido o primeiro americano a conhecer pessoalmente Trump e Kim. O ex-jogador já esteve algumas vezes na Coreia do Norte para se encontrar com o ditador e declarou recentemente que ajudou na aproximação entre dois líderes.
Amigo pessoal de Kim Jong-un, mas também de Donald Trump, que conheceu ao participar de um de seus muitos reality shows, Rodman já havia se oferecido para ser uma ponte entre os dois países, restabelecendo um canal diplomático que está fechado há quase duas décadas.
A sua última passagem pela Coreia do Norte foi em dezembro. Sua intenção era “abrir uma porta” de diálogo entre os dois países por meio do que o ex-jogador chama de “diplomacia do basquete”. Nessa viagem, ele afirmou que entregou livros de Trump para o ditador e que, a partir daquele momento, Kim teria mudado sua opinião sobre o presidente e sobre o povo americano.
Jogador incomum
Rodman conheceu o ditador da Coreia do Norte em 2013, quando o site Vice organizou uma viagem ao redor do mundo para divulgar o basquete dos Estados Unidos e incluiu a Coreia do Norte como uma de suas paradas. A comitiva incluía o famoso time de basquete especializado em malabarismos, os Harlem Globetrotters, além do ex-jogador da NBA, cinco vezes campeão da liga americana, Dennis Rodman.
Como fã do Chicago Bulls e, consequentemente, de Dennis Rodman, Kim Jong-un não apenas recebeu a comitiva com pompas dignas de chefes de estado como também estabeleceu imediatamente uma amizade com o ex-jogador da NBA. Desde então, Rodman é constantemente recebido por Kim Jong-un, a quem considera um “amigo pessoal”.
A relação incomum com o ditador norte-coreano fica ainda mais acentuada se levamos em consideração que Dennis Rodman também não era um jogador comum durante sua carreira no basquete profissional. Após uma tentativa de suicídio em 1993, ele decidiu “matar sua parte tímida” e tornar-se a pessoa que sonhava, sem amarras.
De jogador discreto, tornou-se um dos primeiros atletas profissionais a cobrir o corpo de tatuagens. Brincos, piercings e cabelos coloridos tornaram-se a marca registrada de sua figura. No cinema, fez ponta no filme MIB – Homens de Preto como se fosse um alienígena infiltrado na Terra. Nas quadras, passou também a jogar de maneira mais agressiva, distribuindo cabeçadas, discutindo com árbitros e se recusando a abandonar a quadra quando era expulso. Após um incidente com um câmera, em que o agrediu fisicamente, foi suspenso pela NBA por 11 jogos – e usou o “tempo livre” para participar de campeonatos de luta livre.
Sua vida pessoal também acompanhou as mudanças: passou a frequentar festas famosas e colecionar casos de embriaguez, além de um breve, porém notório, relacionamento com a atriz e cantora Madonna em 1994.
Dennis Rodman foi certamente um grande jogador de basquete e múltiplas vezes campeão, mas seu comportamento sempre lhe rendeu mais notoriedade do que as quadras. Mais do que o uniforme vermelho dos Bulls, a imagem marcante de Rodman é certamente uma fotografia em que aparece vestido de noiva para o lançamento de seu livro autobiográfico.
É essa figura polêmica do esporte americano, aproximada por acaso de Kim Jong-un há alguns anos, que poderá ajudar a aproximação entre o ditador norte-coreano e o presidente dos EUA.
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Diplomacia do esporte
A presença de Dennis Rodman na cúpula entre Trump e Kim pode ser mais um exemplo da relevância do esporte nas relações diplomáticas com a Coreia do Norte. É preciso lembrar que o país começou a dar os primeiros passos em direção ao diálogo ao participar das Olimpíadas de Inverno de PyeongChang, na Coreia do Sul, em fevereiro deste ano.
As demonstrações, ainda que ingênuas, de aproximação entre as Coreias — delegações dos países apareceram na cerimônia de abertura com uma bandeira que trazia o mapa da península coreana unificada — foram o ponto de partida para um posterior encontro entre Kim Jong-un e o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, em abril deste ano. Foi o primeiro em 11 anos. Depois da cúpula, Moon se tornou um dos principais mediadores para o encontro entre Trump e Kim.
Encontro entre Trump e Kim
Objeto de reviravoltas nas últimas semanas, a reunião entre Trump e Kim havia sido cancelada pelo próprio americano duas semanas atrás, sob a alegação de que o regime de Pyongyang dera amostras de "franca hostilidade" em declarações alguns dias antes.
Mas, depois de uma reunião de quase duas horas na semana passada com Kim Yong-chol, braço direito do ditador, Trump disse que o dirigente norte-coreano está "comprometido com a desnuclearização" de seu país e que está "construindo um bom relacionamento" com ele.
Um acordo entre os países pode selar o fim oficial da Guerra da Coreia, que marcou a separação da península Coreana e terminou há 65 anos, mas sem um acordo de paz.
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