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Mobilização pela volta do piloto indiano Abhinandan Varthaman
Forças de segurança da Índia carregam fotos do piloto indiano Abhinandan Varthaman durante um evento por seu retorno, no templo Kalikambal em Chennai em 1 de março de 2019| Foto:

Ele saltou de paraquedas sobre o território inimigo. Atirou para cima para afastar moradores irritados. Pulou em uma lagoa e depois comeu seus documentos para não ser identificado.

Supostamente, foi isso que fez o comandante de voo Abhinandan Varthaman, piloto de caça indiano, depois que seu avião caiu no Paquistão na quarta-feira (27). Mas mais do que isso, ele também pode ter ajudado a desarmar uma das piores crises entre os dois vizinhos nucleares em décadas.

O avião de Varthaman foi atingido no primeiro combate aéreo entre a Índia e o Paquistão em quase 50 anos. Ele foi posteriormente capturado pelos militares paquistaneses em um desenvolvimento particularmente dramático para um conflito já volátil.

Em uma cena que poderia ter saído de um filme, Varthaman saltou de paraquedas de seu avião em chamas e depois perguntou à multidão reunida onde ele estava. Ao descobrir que estava no Paquistão, ele correu para trás, disparando sua pistola para cima a fim de manter longe os jovens moradores irritados. Quando chegaram muito perto, ele pulou em um lago e destruiu documentos e mapas sensíveis engolindo alguns e encharcando outros antes de ser capturado.

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Agora os indianos consideram que um herói voltou para casa. Depois de dois tensos dias, o primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, anunciou na quinta-feira (28) que seu país devolveria Varthaman nesta sexta-feira (1º) como um "gesto de paz". O movimento diminuiu as tensões entre as duas nações que possuem armas nucleares.

Centenas de indianos se reuniram no início da manhã na fronteira de Wagah, entre a Índia e o Paquistão, no estado de Punjab, para esperar por Varthaman, que foi libertado no fim desta sexta-feira, na fronteira de Wagah, por volta das 21h (13h em Brasília).

"Bem-vindo ao lar, comandante de voo Abhinandan! A nação está muito orgulhosa de sua coragem exemplar", tuitou o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.

Especialistas disseram que um interrogatório detalhado e um exame médico serão feitos uma vez que Varthaman, um homem de 38 anos da cidade de Chennai, seja devolvido.

Vídeos

Os indianos assistiram a cada reviravolta na saga de Varthaman esta semana. Um suposto vídeo de sua captura inicial mostra que ele foi arrastado do local do acidente quando moradores locais enfurecidos tentaram bater nele. Um soldado paquistanês é ouvido pedindo para as pessoas pararem.

Um segundo vídeo, mais polêmico, que pode entrar em conflito com as Convenções de Genebra, foi tuitado pelo Ministério da Informação do Paquistão. O clipe mostrava o piloto vendado com o rosto ensanguentado, respondendo a perguntas com calma enquanto estava sob custódia paquistanesa.

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Depois que o Ministério das Relações Exteriores da Índia "se opôs fortemente à exibição vulgar, pelo Paquistão, de um pessoal ferido", os militares paquistaneses postaram um novo vídeo dizendo que o piloto estava sendo tratado "de acordo com normas da ética militar".

Visto tomando uma xícara de chá, Varthaman se recusa a responder a qualquer pergunta sobre sua operação ou detalhes da aeronave, enquanto elogia seu tratamento pelo Exército do Paquistão. Falou como um "verdadeiro soldado", seu pai, Simhakutty Varthaman, disse em um comunicado.

Voar é comum na família do piloto: o pai dele, agora aposentado, era um oficial superior condecorado da Força Aérea Indiana que chegou ao posto de marechal-do-ar. Em uma ironia, Simhakutty Varthaman, certa vez, deu conselhos a um cineasta que fez um filme sobre um piloto preso no Paquistão depois de ser capturado na guerra. No filme, o herói finalmente se reúne com sua família.

Após a captura, Simhakutty Varthaman expressou esperança pelo retorno seguro de seu filho e disse que a família estava rezando para que ele "não fosse torturado". Na noite de quinta-feira, os pais do piloto voaram para Delhi antes da libertação do filho. Quando os passageiros do voo perceberam quem era o casal, eles irromperam em aplausos.

Varthaman, o filho, apareceu em um popular programa de televisão indiano há oito anos com vários outros pilotos de caça. Os anfitriões perguntaram aos convidados qual era o principal pré-requisito para ser um piloto de caça. "Atitude", disse um deles. "Má atitude", acrescentou Varthaman com um sorriso.

Raro momento de união

Mesmo com a Índia e o Paquistão trocando acusações nos últimos dois dias, o comportamento de Varthaman em cativeiro uniu pessoas de ambos os lados da fronteira, principalmente em oração. Vídeos de sua captura e questionamentos foram compartilhados por milhares em mídias sociais. Cidadãos paquistaneses se juntaram ao coro pedindo a seu governo que devolvesse Varthaman como um gesto de paz.

Esta não é a primeira vez que um piloto indiano foi feito refém pelo Paquistão. Em 1999, os rivais lutaram um breve mas intenso conflito no Himalaia. Nesse confronto, conhecido como o conflito de Kargil, a Índia enviou jatos de combate, mas o Paquistão não.

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Durante os combates, um piloto de caça indiano chamado Kambampati Nachiketa foi capturado pelas forças paquistanesas depois que seu avião caiu. Nachiketa disse que foi torturado durante seus oito dias de cativeiro, antes de ser libertado.

Na guerra de 1971, quando os dois países lutaram pela libertação de Bangladesh, a Índia tinha mais de 90.000 prisioneiros de guerra, incluindo muitos agentes de segurança. Eles foram repatriados para o Paquistão depois de um acordo entre os dois países no ano seguinte.

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