Nascido em 11 de junho de 1970, na antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), Dmitry Valerievich Utkin é um velho conhecido do meio militar russo.
Ele foi oficial do exército da Rússia e também atuou como oficial das forças especiais no GRU, o departamento central de inteligência da Rússia, onde detinha a patente de tenente-coronel.
Utkin se aposentou do GRU em 2013 e se juntou ao Corpo Eslavo, uma empresa militar privada que lutou ao lado das forças do regime sírio de Bashar al-Assad contra os rebeldes do país. Ele retornou à Rússia em outubro de 2013, após o Corpo Eslavo ser derrotado e desmantelado.
Após a passagem pelo Corpo Eslavo, o russo teria criado seu próprio grupo de mercenários, o já conhecido Grupo Wagner, que ele assim batizou por causa da sua admiração pelo compositor alemão Richard Wagner, que, por sinal, era o compositor favorito de Adolf Hitler.
Segundo relatos, Utkin era fascinado pela Alemanha nazista e tinha várias tatuagens de membros da SS, a polícia de Hitler, espalhadas pelo corpo.
O Grupo Wagner despontou em 2014, durante a anexação russa da Crimeia e a guerra no Donbass, onde apoiou os separatistas pró-russos contra as forças do governo ucraniano.
Utkin, Yevgeny Prigozhin e seus homens foram acusados de envolvimento em vários crimes de guerra e atrocidades na região, como derrubar um avião militar ucraniano e matar comandantes de campo insubordinados da autoproclamada República Popular de Luhansk.
Desde a sua criação, o Grupo Wagner vem expandindo suas operações para outros países, como Síria, Líbia, Sudão, República Centro-Africana, Venezuela e Moçambique, onde oferece seus serviços a vários governos e facções em troca de dinheiro, recursos e influência.
O Grupo Wagner muitas vezes foi visto como um instrumento da política externa e dos interesses russos, embora o Kremlin tenha negado quaisquer vínculos oficiais ou responsabilidade por suas ações.
Utkin era um dos principais comandantes do grupo paramilitar e também era bastante próximo de Yevgeny Prigozhin, o líder do Wagner e principal figura do grupo mercenário. Na comemoração do Dia dos Heróis da Pátria em 2016, Utkin foi visto nas dependências do Kremlin.
A presença dele no evento foi atribuída ao fato dele ter sido condecorado com quatro Ordens de Coragem. No local, ele tirou fotos com o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
Em 2021, o Conselho da União Europeia impôs restrições a Utkin, por seu envolvimento direto em "graves abusos dos direitos humanos”, que incluíam atos de tortura, execuções extrajudiciais e assassinatos.
Utkin participou do motim realizado em junho deste ano contra as autoridades russas. Ele também é apontado como um dos principais responsáveis por ter convocado a rebelião armada.
O ex-oficial também acusou o Kremlin de “incompetência e traição” durante as operações na invasão da Ucrânia em 2022. Junto a Prigozhin, Utkin afirmou que suas forças não receberam suprimentos e reforços suficientes e que foram abandonadas por seus aliados quando enfrentaram um contra-ataque das tropas ucranianas equipadas pela OTAN.
O nome de Utkin estava na lista de passageiros que foram vítimas da queda de um avião ocorrida na região russa de Tver, onde também estava Prigozhin, de acordo com informações da agência de aviação russa.
A causa do acidente está sendo investigada pelas autoridades russas. Algumas fontes sugerem que poderia ter sido um ataque.