Enquanto o mundo vê com preocupação uma escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China, alguns países podem se beneficiar dos aumentos tarifários impostos entre os dois países - pelo menos em curto prazo.
Segundo um estudo realizado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD na sigla em inglês), a União Europeia, o México, Japão e Canadá tirariam o maior proveito da briga entre as duas maiores economias do mundo. O Brasil também está na lista.
Isso ocorre, segundo a organização, porque as tarifas bilaterais alteram a competitividade global em benefício de empresas que operam em países não diretamente afetados por elas, refletindo nos padrões de importação e exportação em todo o mundo.
Levando em consideração tarifas americanas de 25% sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses – que passaram a valer a partir desta sexta-feira (10) –, o estudo indica que as exportações da União Europeia são as que mais devem aumentar no curto prazo, capturando cerca de US$ 70 bilhões do comércio bilateral EUA-China. Japão, México e Canadá podem capturar mais de US$ 20 bilhões cada.
As exportações brasileiras devem aumentar em cerca de US$ 11 bilhões, especialmente por causa das exportações de soja para a China. Apesar disso, as incertezas sobre o período de vigência destas tarifas deixam o produtor brasileiro receoso de tomar decisões de investimento que podem se revelar não lucrativas se as tarifas forem revogadas.
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O estudo da UNCTAD foi publicado em fevereiro e já considerava as tarifas de 25% sobre os US$ 200 bilhões em produtos chineses, além das tarifas da China sobre US$ 100 bilhões em produtos americanos.
Os pesquisadores apontaram que, apesar de alguns países lucrarem com a guerra comercial, os efeitos negativos devem ser predominantes.
"A recessão econômica acompanha frequentemente variações nos preços das commodities, nos mercados financeiros e nas moedas, o que terá importantes repercussões para os países em desenvolvimento", afirmou a UNCTAD.