Para o ex-presidente uruguaio, hoje senador do país, José Mujica, “quem gosta muito de dinheiro deveria ser afastado da política”. A declaração foi dada nesta quinta-feira (23) em entrevista à rede BBC, na qual ele também comentou sobre a situação política dos países vizinhos de continente, incluindo o Brasil – que ele declara viver uma realidade “doentia”.
Prestes a completar 80 anos, o ex-presidente uruguaio afirmou que não se pode misturar a vontade de ter dinheiro com política. “É preciso castigar essa pessoa porque ela gosta de dinheiro? Não. Ela tem que ir para o comércio, para a indústria, para onde se multiplica a riqueza”, disse.
Quando questionado se voltaria a concorrer à presidência, o uruguaio não descartou, mas disse “não ter idade adequada de resistir ao vaivém de uma presidência”.
Sobre o Brasil, Mujica apontou que “algo doentio acontece na política brasileira”. “É um país gigantesco e cada estado tem sua realidade, com partidos locais fortes. Conseguir a maioria parlamentar no Brasil é um macramé (tipo de tecelagem manual) onde pedem uma coisa aqui, outra ali.”
No entanto, ele atribuiu a corrupção a agentes também de fora do governo. “Para que haja corruptos, também deve haver um agente corruptor”, declarou.
Conhecido pelo jeito humilde e simpático, o ex-presidente também falou de amenidades na entrevista. Disse já ter sido convidado a fumar maconha e declinou (o Uruguai descriminalizou o consumo da droga durante seu mandato) e apontou preferir Rolling Stones aos Beatles ou Pink Floyd.