Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Entrevista

“Quem morre nas mãos dos israelenses tem a moral aumentada”

Beirute – Para o libanês naturalizado brasileiro Abbas Termos, de 38 anos, o conflito entre Israel e Hezbollah não terminou. Ele morou no Brasil entre 1988 e 1997, quando foi chamado pelo presidente do Parlamento para voltar ao Líbano e tornar-se deputado pelo partido xiita Amal. Dahiyeh é um município xiita tido como o quartel-general do Hezbollah no Líbano.

Por que o senhor decidiu ficar numa área considerada alvo para os israelenses?

Abbas Termos – Pelo menos 90% da população civil deixaram a região, mas além de viver e ter uma loja aqui, fiquei para mostrar aos israelenses que um xiita libanês não foge. O libanês luta por história e por orgulho. Mandei minha família a um lugar seguro em Talloussa, no sul do país, e sofremos muito com a situação, mas Deus cuida de nós. Se morresse, morreria orgulhoso. Quem morre nas mãos dos israelenses tem a moral aumentada, fica vivo na mente das pessoas e morre por uma causa divina. Este é o pensamento xiita.

O senhor pertence ao partido Amal, hoje coligado ao Hezbollah. Juntos, os dois blocos têm feito uma feroz oposição ao partido do premier Fuad Siniora. Quais os objetivos políticos desta oposição?

Combater Israel e os interesses estrangeiros no Líbano. O Hezbollah é uma dissidência do Amal e quando foi criado, na década de 80, o Irã mandou o dinheiro para a criação da resistência, mas iranianos, sírios e o líder Nabih Berri, presidente do Amal, acertaram que o objetivo do Hezbollah é apenas combater Israel. Especula-se que queremos forçar uma nova guerra civil, mas não é verdade. A oposição não tem interesse nisso, pois apesar de termos muitas armas, uma guerra civil enfraqueceria a luta contra Israel.

No caso de um novo conflito com Israel, iria se fosse chamado a combater?

Sim. Israel é o inimigo e não se pode confiar nos israelenses. Até que Israel acabe, os xiitas vão lutar pela libertação do Líbano e pela libertação de Jerusalém. No caso de uma nova guerra civil libanesa, fugiria para o Brasil com minha família, mas nunca no caso de uma guerra contra os israelenses.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros