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Ahmad Massoud é o líder da principal resistência anti-Talibã no Afeganistão, a Frente Nacional de Resistência
Ahmad Massoud é o líder da principal resistência anti-Talibã no Afeganistão, a Frente Nacional de Resistência| Foto: Reprodução/Wikimedia/Hamid Mohammadi

Panjshir é a única província afegã que não foi totalmente tomada pelo Talibã. A região, encravada em um montanhoso vale, ao norte da capital, é defendida por centenas de soldados das forças do antigo governo do país que se refugiaram em uma área de difícil acesso, enquanto o presidente, Ashraf Ghani, fugia para os Emirados Árabes. Também acredita-se que lá esteja Amrullah Saleh, ex-primeiro-vice-presidente do Afeganistão, que se autoproclamou sucessor de Ghani.

O vale do Panjshir, uma das regiões mais seguras do Afeganistão durante a ocupação americana, é conhecido por ser um bastião da resistência anti-Talibã. É a base da Aliança do Norte, uma guerrilha rebelde que, em 2001, com o apoio dos americanos, lutou contra os talibãs até expulsá-los do governo.

Durante os anos em que o grupo extremista esteve no poder no Afeganistão, entre 1996 e 2001, o movimento era liderado pelo guerrilheiro tadjique Ahmad Shah Massoud, conhecido como Leão de Panjshir – apelido que ganhou durante a guerra dos mujahidin contra os soviéticos na década de 1980.

Massoud morreu em 9 setembro de 2001, em um ataque da Al Qaeda. Especialistas em terrorismo acreditam que seu assassinato garantiu a Osama bin Laden proteção do Talibã após os ataques de 11 de setembro.

Agora, quase 20 anos depois, o filho do Leão de Panjshir, que herdou o nome Ahmad Massoud, está comandando os rebeldes da Frente de Resistência Nacional do Afeganistão em uma missão desafiadora: enfrentar um Talibã mais forte sem que haja um interesse da comunidade internacional em manter operações no Afeganistão.

Entre a paz e a guerra

Em um artigo escrito para o Washington Post na sexta-feira (19), Massoud declarou que a resistência mujihadin havia começado, relatando que seus homens, militantes rebeldes e ex-membros das forças armadas afegãs, têm munições e armas e estão dispostos a lutar contra o Talibã. Contudo, ele fez um apelo à comunidade internacional:

"Se os líderes do Talibã lançarem uma ofensiva, sem dúvida enfrentarão forte resistência de nossa parte... No entanto, sabemos que nossas forças militares e logísticas não serão suficientes. Eles vão acabar rapidamente, a menos que nossos amigos no Ocidente possam encontrar uma maneira de nos abastecer sem demora".

Nos últimos dias, Massoud se manifestou publicamente diversas vezes, para indicar a disposição de negociar com os insurgentes e evitar um "governo extremista". Em entrevista ao filósofo francês Bernard-Henri Lévy, o jovem líder da resistência defendeu uma solução negociada com o Talibã para evitar mortes, mas enfatizou que não vai se render.

"..Se o Talibã estivesse disposto a resolver os problemas subjacentes do Afeganistão e criar um sistema justo que garantisse os direitos e liberdades de todos os cidadãos, eu aceitaria esses termos e viveríamos em um Afeganistão pacífico. Mas, mais uma vez,. . . Jamais aceitarei uma paz imposta por uma questão de estabilidade. Liberdade e direitos são muito mais importantes para nós do que estar em uma prisão com estabilidade", disse no fim de semana, segundo relato de Lévy em um texto assinado por ele no Wall Street Journal.

No domingo, um porta-voz da Frente de Resistência Nacional disse que, nas conversas com o Talibã, os rebeldes pedem "descentralização do poder e da riqueza, democracia, pluralismo político e cultural, islamismo moderado e igualdade de direitos e liberdade para todos os cidadãos". Não houve avanços nas negociações.

Enquanto isso, a incursão dos talibãs sobre Panjshir já começou. No fim de semana o grupo extremista mandou reforços para a região e, na segunda-feira, declarou que havia capturado três distritos da província. O porta-voz do Talibã, Suhail Shaheen, disse que "conquistar Panjshir pela força será a última opção, pois isso é contra nossas políticas. Tentaremos ao máximo para não ir por esse caminho". O grupo aguarda uma rendição dos rebeldes comandados por Massoud.

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