Os dois jornais de maior circulação do Quênia informaram hoje que o serviço de inteligência do país avisou ao governo sobre a possibilidade de um atentado feito pelo grupo radical islâmico Al Shabaab, da Somália, aos moldes do ocorrido no shopping Westgate.
O ataque ao centro comercial da capital Nairóbi começou no último sábado e terminou na terça, após um cerco de forças de segurança. Segundo o governo, 72 pessoas morreram, sendo 61 civis, seis militares e cinco terroristas.
Relatórios publicados pelos diários "Daily Nation" e "The Standard" mostram que o serviço de inteligência havia advertido desde janeiro a Presidência sobre o aumento da atividade do grupo somali no país. O número de alertas aumentou no início deste mês, com o prenúncio de um ataque de grande alcance.
De acordo com os documentos, esta ação ocorreria entre os dias 13 e 21 de setembro em um alvo em Nairóbi. Em um dos relatórios, o shopping Westgate chega a ser mencionado como um dos locais onde poderia ocorrer o ataque.
Também foram relacionados os nomes dos terroristas que se envolveriam na ação e a possibilidade de estarem fortemente armados. O relatório também assinala Ahmed Iman Ali, suposto líder de Al Shabab no Quênia, como o homem que estaria à frente do atentado.
Os jornais afirmam que os documentos secretos foram vistos pelos ministros Joseph Ole Lenku (Interior), Raychelle Onamo (Defesa), Amina Mohammed (Relações Exteriores) e Julius Rotich (Fazenda). O chefe das Forças Armadas, Julius Karang, também teria recebido uma cópia.
O alerta do serviço de inteligência queniano ainda teria sido transmitido ao governo de Israel, devido ao risco de instituições judaicas serem alvos do Al Shabaab. O governo do Quênia não comentou sobre as informações publicadas pelos jornais.
Operação
Os integrantes do governo foram os responsáveis pela operação de quatro dias que deu fim ao ataque. A ministra das Relações Exteriores, Amina Mohammed, foi a primeira a falar sobre a presença de terroristas com cidadanias americana e de países da Europa, como foi confirmado depois pelo presidente Uhuru Kenyatta.
O cerco das forças de segurança, que terminou na terça, deu fim ao sequestro. Após a ação, houve o desabamento de três andares do shopping, que o governo afirma ter sido causado pelos terroristas. Membros da administração local, no entanto, acusam os militares de provocar a queda.
Ontem, o ministro do Interior do Quênia informou que oito pessoas que podem estar relacionadas ao ataque continuam detidas; outras três já foram liberadas. O grupo Al Shabaab, responsável pelo atentado, disse que o ataque foi "apenas o primeiro ato", sugerindo que haverá mais ações.