O presidente do Quênia ateou fogo neste sábado (30) a 105 toneladas de marfim no parque nacional de Nairóbi. Foi a maior quantidade do chamado “ouro branco” incinerado de uma única vez, em um ato simbólico de luta contra a caça furtiva dos elefantes. Diante das câmeras do mundo inteiro, Uhuru Kenyatta e seu colega do Gabão, Bongo Ondimba, em cujos países vive a metade dos elefantes da selva na África, usaram cada um uma tocha para acender o fogo de uma pirâmide formada por presas de elefante.
No total, dez pirâmides de marfim e uma pilha de chifres de rinocerontes arderam em chamas, ou seja, cerca de 5% do marfim mundial. “Ninguém, repito, ninguém pode comercializar o marfim, porque este comércio é sinônimo de morte para nossos elefantes e de morte para nosso patrimônio natural”, declarou Kenyatta.
Dirigindo-se aos caçadores furtivos, o presidente Bongo, por sua vez, advertiu: “Vamos pôr fim ao negócio de vocês e é melhor que se aposentem”.
As 16 mil presas incineradas representam quase toda a reserva de marfim queniano, constituída em 1989, quando foi proibido o comércio internacional do “ouro branco”. Presente na cerimônia, a ministra francesa do Meio Ambiente, Ségolène Royal, anunciou que a França proibirá em breve o comércio de marfim.
Atualmente vivem na África entre 450 mil e 500 mil elefantes e a cada ano 30 mil são abatidos por caçadores ilegais em busca de suas presas, segundo estimativas. A este ritmo, existe o risco de que no curto prazo estes mamíferos desapareçam do continente. Apenas na Tanzânia, a população de elefantes passou de cerca de 110 mil em 2009 a 43 mil em 2014, segundo números oficiais.
Demanda asiática
O tráfico de marfim, cujo comércio está proibido desde 1989 (com poucas exceções), é sustentado pela demanda asiática, principalmente na China, onde o quilo do marfim é negociado a 1.000 euros.
A China, que endureceu há pouco tempo sua legislação sobre a importação do marfim, autoriza, no entanto, a venda do material comprado antes da proibição de 1989. Para os defensores dos elefantes, este comércio legal pode servir como fachada para as importações clandestinas.
“Vivos, os elefantes representam uma importante fonte de renda para as economias locais, através do turismo, e no longo prazo seu valor é maior quando perambulam pelas savanas e florestas africanas que quando adornam uma lareira ou o pulso de alguém”, opina Rob Brandford, diretor do Fundo David Sheldrick para a proteção da fauna.
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