Dezenas de rabinos israelenses, alguns deles funcionários públicos, divulgaram um apelo na terça-feira, pedindo que os cidadãos locais não vendam nem aluguem seus imóveis para não-judeus. A carta aberta foi criticada por parlamentares e por ativistas de direitos humanos.
O texto ressalta que as tensões entre judeus e árabes aumentaram com o impasse no conflito entre palestinos e Israel e que a entrada de imigrantes africanos ilegais tem gerado temores demográficos mais recentes.
"A Terra de Israel é destinada ao povo de Israel", disse Yosel Shainin, rabino-chefe da cidade portuária de Ashdod e um dos 41 signatários do texto, à Rádio do Exército de Israel, quando questionado sobre a carta.
Obtida pela Reuters antes da publicação planejada em sinagogas e jornais religiosos, a carta cita advertências feitas por sábios antigos de que conviver com não-judeus pode levar ao "sacrilégio". Também foram suscitadas outras preocupações com relação aos valores dos imóveis.
Outro signatário, o rabino-chefe Mordechai Nagari, do assentamento Maale Adumim, disse: "Se você permite árabes nos bairros judeus, você está pedindo que as brigas continuem."
Embora os éditos religiosos sejam comuns e em geral ignorados em Israel, predominantemente secular, a carta teve um caráter incomum, já que vários dos rabinos são capelães financiados pelo Estado - no caso de Nagari, de uma colônia na Cisjordânia ocupada, onde os palestinos lutam pela constituição de um país.
APELO A NETANYAHU
A Associação de Direitos Civis de Israel (Acri) e parlamentares de oposição exigiram que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu condene a carta e puna os rabinos.
"Isso obriga, de uma vez por todas, o indiciamento deles por incitação racial", disse o parlamentar árabe-israelense Ahmed Tibi.
Nem o gabinete de Netanyahu nem o Ministério de Assuntos Religiosos de Israel, que emprega os rabinos, estavam disponíveis para comentários.
A Acri também pediu que o ministro da Justiça israelense, Yaakov Ne'eman, que exonere o rabino Shmuel Eliyahu de seu cargo público na cidade de Safed, no norte do país.
Eliyahu causou polêmica no mês passado ao apoiar uma campanha pedindo que os moradores não alugassem apartamentos a estudantes árabes que frequentam uma faculdade local.
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