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Perigo nuclear

Radiação chega a Tóquio e assusta a população

Desabrigados usam máscaras para se proteger de radiação em abrigo improvisado pelo governo, em Sendai | Mike Clarke/AFP
Desabrigados usam máscaras para se proteger de radiação em abrigo improvisado pelo governo, em Sendai (Foto: Mike Clarke/AFP)

São Paulo - Os níveis de radiação aumentaram ontem em Tóquio e em ou­­tras cidades do Japão após explosões e um incêndio serem registrados no complexo nuclear Fu­­kushima Dai­­ichi, seriamente da­­nificado pelo terremoto de magnitude 8,9 – seguido de tsunami – que atingiu a costa nordeste do país na última sexta-feira. A população se prepara para ficar em casa fazendo estoque de água engarrafada, mantimentos e máscaras de proteção.

O governo japonês avisou que a crise da usina nuclear provocou escape de radiação que poderia afetar a saúde e recomendou aos mo­­radores que vivem num raio de até 30 quilômetros de distância que fiquem em suas casas, desliguem os sistemas de ventilação e fechem as janelas.

A radiação em torno da usina aumenta desde sábado, quando uma falha no sistema de refrigeração forçou a liberação de vapor ra­­dioativo de forma controlada, mas os crescentes problemas nos reatores criam incertezas.

Na província de Ibaraki, ao lado de Fukushima, em um determinado momento a radiação era de 5 microsievert (msv) por hora, 100 vezes mais que o habitual. Se­­gundo a AIEA, uma pessoa fica em média exposta à radiação de aproximadamente 2,4 msv por ano devido a fontes naturais.

A capital Tóquio, que fica a 240 km de Fukushima, registrou uma pequena elevação nos níveis de radiação. O aumento, contudo, não é suficiente para ameaçar os 39 milhões de moradores da capital e seus arredores.

"A quantidade é extremamente pequena, e não levanta preocupações com a saúde. Isso não vai nos afetar", diz Takayuki Fujiki, funcionário do governo de Tóquio. A agência Kyodo diz que o nível de radiação elevou-se a nove vezes acima do normal em Kanagawa, perto de Tóquio, mas os níveis já haviam caído na noite de ontem.

Vento

As previsões meteorológicas pa­­ra Fukushima eram de neve e ven­­to vindo do nordeste na noite de ontem, soprando em direção a sudoeste, rumo a Tóquio, e em seguida se deslocando para oeste, em direção ao mar. Isso é importante porque mostra a direção que uma possível nuvem nuclear pode seguir.

Apesar dos pedidos de calma, em Tóquio era possível ver on­­tem mais máscaras do que o ha­­bitual. Além disso, alguns ha­­bi­­tantes decidiram se afastar da cidade por alguns dias até que a situação em Fukushima se torne me­­nos alarmante.

Ao longo do dia de ontem, muitos estrangeiros pegaram o "shin­­kansen" – o trem bala-ja­­ponês – pa­­ra se deslocar a cidades mais ao sul, como Osaka, a mais de 500 quilômetros da capital, onde a a­­meaça de fuga de radiação soa mais distante.

Desde o início dessa semana, várias delegações diplomáticas aconselharam àqueles que se sentissem temerosos e não tivessem assuntos "essenciais" em Tóquio que deixassem a cidade. Um exemplo foi a Embaixada da Áustria, que ontem decidiu transferir sua missão temporariamente a Osaka.

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