Brasília - O governo brasileiro já previa, nos bastidores, que o encontro entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Paraguai, Fernando Lugo, para tratar de Itaipu, não produziria resultado concreto algum.

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Mesmo assim, a equipe de ministros e técnicos do setor energético que participaram das conversas com os paraguaios na noite de quinta-feira em Brasília não esconde o "espanto" com o desfecho. Um dos representantes do Brasil revela que "o lado brasileiro saiu chocado da reunião, pela indiferença dos paraguaios ".

Passado o susto, a avaliação geral é de que Lugo e seus aliados empunharam um discurso muito radical contra o Brasil na campanha eleitoral, venceram por causa disso, e, ao menos por enquanto, o radicalismo não cederá lugar ao pragmatismo.

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Ao final do jantar oferecido ao presidente Lugo no Palácio do Itamarati, um ministro brasileiro comentava, em tom de ironia, que os paraguaios davam a impressão de ter mais petróleo que a Venezuela e mais popularidade que o presidente Lula.

A reunião começou com uma conversa a sós entre os dois presidentes. Ao se juntar ao grupo, novamente, Lula fez um pequeno discurso de elogios a Lugo e disse que o governo brasileiro tinha algumas propostas a fazer. Em seguida, Lugo respondeu com manifestações de simpatia ao governo brasileiro, mas não propôs nada.

Foi aí que o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, tomou a palavra, lembrando que havia uma série de protocolos de cooperação e alguns convênios para assinar. Foi atalhado pelo chanceler paraguaio, Héctor Lacognata, que não hesitou em afirmar que, neste momento, não seria possível assinar nada. "Temos a questão de Itaipu. Antes de resolvê-la, não dá para resolver mais nada", disse o chanceler de acordo com um dos presentes. Mais que depressa, obteve o apoio explícito do ministro da Fazenda do Paraguai, que praticamente repetiu o colega de ministério.

Celso Amorim ainda falou da construção de um linhão de transmissão de energia, de Itaipu à capital Assunção, onde os apagões são frequentes. O Brasil já havia proposto a abertura de uma linha de crédito de R$ 430 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), mas na reunião dos dois presidentes ninguém se interessou pela oferta. "Queremos ver é esta questão de Itaipu mesmo", insistiu o chanceler.

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