Uma lanterna de Natal foi erguida por moradores de Tacloban, cidade devastada pelo tufão Haiyan, nas Filipinas| Foto: Romeo Ranoco/Reuters

Ajuda

Moradores recorrem à emissora para tentar encontrar familiares

A First Response Radio começou a transmitir de Tacloban apenas três dias depois da passagem do tufão, que deixou a cidade incomunicável e devastou as rádios e as televisões locais. Os residentes ficaram sem ter como receber informações sobre as consequências e a gestão da catástrofe.

"As pessoas precisam de informação, especialmente nesse tipo de situação", destacou Magnolia Yrasuegui, locutora da rádio, cujo lema é "Comunicação é Ajuda". Ela diz ter aprendido muito com a experiência de ter trabalhado na rádio de Tacloban, especialmente sobre "a importância da família e os amigos, e do pouco que se necessita realmente para ser feliz".

Ela também vive momentos difíceis, principalmente quando os moradores de Tacloban vão ao estúdio para pedir ajuda em busca de seus entes queridos. "Eles vêm chorando nos pedir ajuda, e isso é muito duro, porque nós realmente queremos dar uma mão, mas não podemos falar na rádio sobre cada um dos desaparecidos", explicou.

É exatamente esse desespero mostrado por muitos taclobanenses que os move a continuar trabalhando. "Nós voltaremos para casa com nossas famílias, mas essas pessoas ficarão aqui, buscando seus familiares, portanto isto é o mínimo que podemos fazer por eles", concluiu Yrasuegui.

CARREGANDO :)

Em meio à bagunça, no quarto andar do prédio da prefeitura de Tacloban, no leste das Filipinas, uma equipe de quatro pessoas se reveza durante 17 horas de programação por dia para dar às vítimas do tufão Haiyan uma das coisas de que precisam: mensagens de esperança.

Milhares de moradores dessa cidade filipina de 178 mil habitantes terão de reconstruir sua vida do zero depois de perder família, casa, seus pertences e seu meio de subsistência após serem atingidos pelo Haiyan, o tufão mais intenso da história do país.

Publicidade

Para apoiá-los, uma modesta emissora, a First Response Radio, na verdade uma pequena maleta onde há um computador portátil e uma mesa de mixagem, transmite música e informa sobre os pontos de acesso à ajuda humanitária, mas principalmente encoraja os cidadãos a seguir lutando contra a adversidade.

"As pessoas perderam tudo e não queremos acrescentar mais desgraça. Por isso insistimos que vamos nos recuperar em breve e que Tacloban voltará a ser uma grande cidade", disse Magnólia Yrasuegui, uma das locutoras da First Response Radio.

"Não há nenhuma necessidade de lançar mensagens negativas, como que o governo não fez o suficiente para apoiar os cidadãos. Queremos ser uma influência positiva", disse a jornalista.

Improviso

Magnólia trabalha há cerca de um mês na emissora e vive no improvisado estúdio instalado em uma sala sem janelas, com duas pequenas lonas e duas mesas de plástico como únicas comodidades.

Publicidade

Muitas das mensagens lançadas pela First Response vêm das próprias vítimas do tufão, que deixou mais de 6 mil mortos e perto de 1,8 mil desaparecidos.

Yrasuegui lembra com emoção o dia em que a equipe recebeu a mensagem de um dos desabrigados que havia perdido todos os membros de sua família, e que sensibilizou muito os filipinos.