O presidente equatoriano, Rafael Correa, aliou-se ao venezuelano Hugo Chávez nos tempos de bonança petrolífera. Agora, parece acompanhá-lo também nas adversidades. Em 12 meses, a popularidade de Correa caiu quase 30 pontos porcentuais, segundo uma pesquisa do instituto Cedatos, publicada na quarta-feira. De 70%, no início de 2009, passou para 41%.
O curioso é que algumas das causas dessa queda coincidem com as que estão levando os venezuelanos às ruas para protestar contra Chávez: ineficiência econômica, embates com a oposição e a imprensa e uma grave crise energética que impõe racionamentos à população.
Entre novembro e janeiro, os equatorianos tiveram dois meses e meio de apagões de até quatro horas diárias. Segundo a Federação de Câmaras de Comércio, as perdas para a economia do país foram de US$ 668 milhões. Parte do problema está relacionado à maior seca dos últimos 45 anos na região, causada pelo fenômeno climático El Niño. A seca de fato reduziu bastante os níveis da reserva que abastece a hidrelétrica de Paute, responsável por 35% da produção energética equatoriana.
"Mas também há uma percepção entre a população de que o governo poderia ter feito algo para prevenir a crise", disse ao jornal O Estado de S. Paulo o cientista político Benítez Torres Milton, da Universidade Católica do Equador.
Outro problema que vem afetando a popularidade do presidente equatoriano é a disputa com os meios de comunicação. Correa encara a imprensa como "sua pior inimiga" e esta tem respondido como tal. Em dezembro, a polêmica Lei de Comunicação e Informação (para "regular conteúdos") teve seus trechos mais polêmicos amenizados após intensos protestos contra o governo. Seis dias depois, porém, a rede de TV Teleamazonas foi tirada do ar por 72 horas como sanção por transmitir "informações não confirmadas". Na Venezuela, a suspensão das transmissões da emissora a cabo RCTV ocorreria menos de um mês mais tarde.
Protestos
O primeiro protesto importante enfrentado por Correa, em agosto, foi o de grupos indígenas, fortes no país. No mês seguinte, foi a vez dos professores tomarem as ruas de Quito para protestar contra uma Lei de Educação. "Com seu estilo confrontador, Correa está arranjando inimigos tanto na direita como entre movimentos sindicais, indígenas e estudantis", diz Alexei Paez, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso). "O risco é que no médio e longo prazo ambos se unam numa campanha para desestabilizar seu governo."
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