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A rainha Elizabeth II | REUTERS/Maxwells/POOL
A rainha Elizabeth II| Foto: REUTERS/Maxwells/POOL

A rainha da Grã-Bretanha Elizabeth teve nesta quarta-feira (18) um dos compromissos diplomáticos mais ousados de seu reinado, ao pisar no gramado do estádio Croke Park, na Irlanda, palco de um massacre cometido por tropas britânicas.

Em um gesto que simbolizou a união atual entre os dois antigos inimigos, a rainha foi levada ao estádio por Hogan Stand, que recebeu este nome em homenagem a um jogador morto no "Domingo Sangrento" de quase um século atrás.

Ela encontrou jogadores, conversou sobre o esporte irlandês e assistiu a apresentações de músicas e danças tradicionais, apesar de o estádio estar totalmente vazio -- um reflexo do rígido plano de segurança para a visita da monarca.

Antes de visitar o estádio nacional irlandês, a rainha deitou uma coroa de papoulas em homenagem aos quase 50 mil soldados irlandeses mortos lutando pela Grã-Bretanha na Primeira Guerra Mundial -- um grupo que frequentemente passa despercebido na história da Irlanda.

Em sua visita de Estado de quatro dias, a primeira de um monarca britânico desde que a Irlanda conquistou sua independência de Londres, em 1921, a rainha vem demonstrando determinação em encarar o passado sangrento e oferecer gestos potentes de reconciliação.

A Irlanda saudou sua decisão de oferecer uma coroa de flores em homenagem aos irlandeses mortos na luta pela independência da coroa britânica, o que Elizabeth fez na terça-feira, e nas ruas de Dublin as pessoas esperavam que a visita da rainha a Croke Park reforçaria esse efeito.

O estádio Croke Park é um lugar repleto de simbolismo para os nacionalistas. Em 1920, durante a guerra pela independência da Irlanda, tropas britânicas metralharam a multidão no estádio, em represália pela morte de 14 agentes de inteligência britânicos na noite anterior.

Morreram 14 civis, um deles de apenas 10 anos, e assim nasceu a expressão "Domingo Sangrento", que se tornaria uma palavra de ordem da causa nacionalista.

Alguns anos atrás, a presença da rainha, comandante das Forças Armadas britânicas, em um local tão sagrado para os nacionalistas irlandeses teria causado ofensa a muitos irlandeses.

Mas um acordo de 1998 que pôs fim à guerra de guerrilha dos nacionalistas irlandeses contra o domínio britânico, e o pedido de desculpas formulado pelo primeiro-ministro britânico David Cameron pelo "Domingo Sangrento" da Irlanda do Norte -- quando tropas britânica mataram 13 manifestantes em 1971 -- abriram o caminho para isso.

Antes de comparecer ao Croke Park, a rainha visitou a cervejaria Guinness. Trajando chapéu turquesa e casaco combinante de lã suíça, a monarca também teve um encontro com o primeiro-ministro irlandês, Enda Kenny.

Acompanhada por seu marido, o duque de Edimburgo, ela conversou com Kenny e a esposa dele diante de um retrato de Michael Collins, o líder revolucionário que ordenou o assassinato dos espiões britânicos na noite que antecedeu o "Domingo Sangrento".

Mais tarde na quarta-feira Kenny terá um encontro com David Cameron, que está fazendo sua primeira visita oficial à Irlanda e comparecerá ao banquete de Estado que terá lugar à noite, no qual a rainha fará um discurso.

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