Um lote de documentos secretos liberado ontem em Londres revela que o governo britânico preparou um discurso a ser lido pela rainha Elizabeth II no caso de uma Terceira Guerra Mundial. O texto foi escrito há 30 anos, em março de 1983, e fazia referência à "loucura" de um duelo nuclear entre os blocos capitalista e comunista, que mediam forças durante a chamada Guerra Fria.

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"A loucura da guerra está se espalhando mais uma vez pelo mundo e nosso bravo país deve se preparar novamente para sobreviver em meio a grandes incertezas", diria a rainha, em cadeia nacional de rádio e tevê. "Todos sabemos que os perigos que enfrentamos hoje são muito maiores do que em qualquer época da nossa longa história."

A mensagem dizia que o inimigo não era mais um soldado armado com um rifle e, sim, o "poder letal" representado pela bomba atômica. No pronunciamento, escrito por altos funcionários do governo britânico, a rainha lembraria o famoso discurso de seu pai, o rei George VI, no início da Segunda Guerra Mundial, fala que inspirou o filme O Discurso do Rei, vencedor do Oscar em 2011.

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"Nunca esqueci da dor e do orgulho que senti, ao ouvir junto com minha irmã em nosso quarto, as palavras inspiradoras de meu pai sobre aquele dia fatídico em 1939", afirmaria Elizabeth II. "Em nenhum momento eu poderia imaginar que esta tarefa solene, porém terrível, recairia um dia sobre mim."

Tensão

O discurso foi preparado num dos momentos mais tensos da Guerra Fria. Em 1983, tropas britânicas fizeram um exercício para simular a reação a um eventual ataque soviético. O então presidente americano Ronald Reagan chamou a URSS de "império do mal" e deslocou mísseis para a Europa.

No discurso que nunca chegou a ser lido, a rainha pediria união às famílias britânicas e faria referência ao príncipe Andrew, que servia à Marinha Real. O documento foi liberado junto com outros papéis que completaram 30 anos e eram mantidos em sigilo pelo Arquivo Nacional britânico. O lote inclui memorandos com anotações à mão feitas pela premiê Margaret Thatcher.