O presidente turco, Tayyip Erdoğan, durante visita a cidade de Adiyaman após o terremoto que causou mais de 17 mil mortos no país| Foto: EFE/EPA/MURAT CETINMUHURDAR/TURKISH PRESIDENTIAL PRESS OFFICE/
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A raiva e insatisfação da população turca contra a gestão do presidente Tayyip Erdogan após os terremotos que provocaram a morte de mais de 17 mil pessoas no país têm crescido.

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Erdogan declarou que irá punir os saqueadores que invadiram lojas nas últimas horas e, embora tenha reconhecido alguns erros na gestão do desastre, pediu paciência e união.

Atualmente mais de 100 mil pessoas participam das equipes de resgate na Turquia, mas as condições climáticas com fortes chuvas e nevascas têm dificultado o trabalho desses grupos.

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“As pessoas entram nas lojas para roubar porque não há outra opção, não há nada aberto, não há ajuda ou serviços básicos”, relatou à EFE Mehmet, que mora em uma pequena cidade nos arredores de Iskenderun.

Motorista de escavadeira, Mehmet relata que a família teve que deixar a residência pelo risco de desabamento e que devido a ausência de combustível não pode ajudar com o equipamento de trabalho as equipes de resgate.

"Erdogan só vai à televisão para dizer coisas, mas não ajuda as áreas do interior e muito menos a província de Hatay, porque há muitos alevitas aqui", criticou Mehmet.

Os alevitas são uma confissão próxima ao Islã, embora mais abertos em dogmas, e representam cerca de 20% da população da Turquia, onde desempenham um papel importante nos movimentos seculares e de esquerda.

Desde 1999, quando um terremoto na região noroeste da Turquia causou a morte de mais de 18 mil pessoas, um imposto foi introduzido para arrecadar fundos para desastres como o atual.

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A oposição, liderada pelo partido social-democrata CHP, mas também numerosos usuários nas redes sociais, critica a gestão das autoridades após os terremotos. "Onde está esse dinheiro?", perguntou o líder social-democrata, Kemal Kilicdaroglu.

Em 14 de maio serão realizadas as eleições presidenciais na Turquia. Erdogan vai buscar a reeleição, mas a gestão impopular do auxílio à população após os terremotos se junta a inflação de 58% no mês de janeiro como um fator prejudicial ao atual chefe de executivo.

"Erdogan chegou ao poder com a destruição do terremoto de 1999 e parece que sairá com a destruição do terremoto de 2023. Este terremoto, que custou milhares de vidas, o enterra nos escombros da política", previu o jornalista opositor Can Dundar, que teve que se exilar na Alemanha depois de ser condenado à prisão por suas reportagens no jornal “Cumhuriyet”.