A vitória nas urnas garantiu maioria absoluta ao Partido Popular (PP) no parlamento da Espanha e o cargo de primeiro-ministro para o líder de centro-direita Mariano Rajoy. Mas a mudança política com a saída dos socialistas para dar lugar aos conservadores ainda não foi suficiente para acalmar os mercados. Ontem, o índice Ibex 35, da Bolsa de Madri, fechou em queda de 3,48% e todas as ações que formam este índice fecharam no vermelho.
Para o cientista político da Universidade de Barcelona, Josep Maria Reniu, "a situação econômica não depende só de uma mudança de governo, mas de uma mudança internacional". O pesquisador espanhol conversou por telefone com a reportagem da Gazeta do Povo e disse que ainda é um grande mistério saber qual é o programa do PP. "O certo é que haverá contenção dos gastos públicos, não há outro caminho. E isso, teoricamente, resultaria em uma recuperação", observa.
Reniu avalia que o novo governo se prepara para apresentar um pacote de reformas estruturais "sem desculpas", o que significa duras medidas de austeridade. Não há sinais de que após a posse, o governo de Rajoy volte atrás nas medidas que começaram a ser implementadas ainda no atual mandato de José Luis Rodríguez Zapatero e que contribuíram com insatisfação popular e a derrota do seu partido. O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) obteve 110 cadeiras de deputados, 59 a menos que em 2008. Há expectativa de que o PP intensifique medidas como o congelamento de aposentadorias e pensões, redução dos salários de funcionários públicos e aumento de impostos.
Especialistas consideram que a maioria absoluta no parlamento (186 deputados), somada a um amplo poder regional (13 das 17 regiões) e municipal, é a maior arma de Rajoy contra a crise.
Por mais que tenha a maioria absoluta conforme os critérios legais, Reniu considera que partido de Rajoy terá que fazer negociações com o PSOE e outros partidos que compõem o parlamento. "O PP vai precisar negociar, não pode tomar decisões sozinho ou corre risco de desgaste político, com reformas como as do mercado de trabalho ou do sistema financeiro", diz o professor da Universidade de Barcelona.