Em um discurso muito mais moderado que os de seu irmão, Raúl Castro manteve a postura crítica da liderança cubana diante dos colegas da ONU. Em sua fala na Assembleia Geral, criticou o que classificou de “ingerências internacionais que levam a guerras”, além de apelar pelo fim do embargo econômico ao país e pela devolução do território hoje com a base naval de Guantánamo. Ele também deu declarações de solidariedade a outros governos de esquerda na América Latina.
Aplaudido de pé por longo tempo após sua fala, Castro afirmou fortemente contra o imperialismo e até citou a presidente Dilma Rousseff, pelo “desenvolvimento social” do Brasil.
Em pouco menos de 15 minutos, o líder cubano disse que os direitos humanos continuam a ser uma utopia para milhoes de pessoas, que não vivem em paz e no desenvolvimento. Disse que ainda existem 795 milhões de pessoas que sofrem com a fome, 781 milhões de adultos analfabetos e que morrem diariamente 17 mil crianças por dia por doenças curáveis.
‘É na pobreza e na desigualdade que tem que se buscar as causas dos conflitos”, disse.
Castro lembrou que, após 56 anos, seu país voltou a ter relações com os Estados Unidos, mas lembrou que a situação só estará normalizada quando acabar o embargo econômico e financeiro, houver a devolução da base de Guantánamo e a “indenização ao povo cubano pelos prejuízos causados em todos estes anos”.
“Agradeço às 88 nações que aqui (na ONU) e em outros fóruns globais e regionais demonstraram o apoio à nossa luta”.
O presidente cubano citou alguns países que vivem crises e brigas que precisam, segundo ele, ser saudados: Venezuela, Equador, Caribe (pela escravidão), Porto Rico (que, segundo ele, precisa ser totalmente independente dos Estados Unidos), Argentina (pelas Malvinas), Brasil (por seu recente desenvolvimento social), pelo reconhecimento da Palestina (com capital em Jerusalém Oriental), Irã e Rússia (contra os bloqueios sofridos pela intervenção na Ucrânia).
Castro disse que o povo sírio deve resolver internamente seus conflitos, que o Oriente Médio precisa ser respeitado e que todo o mundo precisa se mobilizar contra os problemas da África. Ele lembrou dos problemas do câmbio climático, que geram desertificação do continente africano.
Aplaudido diversas vezes em seu discurso, Castro afirmou que a União Europeia precisa assumir sua responsabilidade pela atual crise dos refugiados que tentam chegar ao continente e defendeu uma reforma na ONU, que está completando 70 anos.
“Há 15 anos, Fidel Castro defendeu o ciclo da ONU contra a guerra, o subdesenvolvimento, a fome, a pobreza, a destruição e o que ameaça a existência humana. Vemos que ainda se destina por ano US$ 1,7 trilhão em gastos militares enquanto a pobreza e a desigualdade continuam no mundo”.
Raúl, que havia prometido um discurso mais breve que os de seu irmão, o ex-líder cubano Fidel Castro, e os do venezuelano Hugo Chávez, não ultrapassou os 15 minutos previstos. Também não levantou a voz, apesar das críticas contundentes à Otan, os EUA e os países europeus. Foi muito aplaudido, por minutos.
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