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O presidente de Cuba, Raúl Castro, manteve o sistema usado pelo irmão Fidel para reprimir a oposição, recusando-se a libertar pessoas aprisionadas anos atrás e prendendo outras por "periculosidade", disse o Human Rights Watch em um relatório divulgado na quarta-feira.

A avaliação do grupo de defesa dos direitos humanos vem num momento crítico, quando o presidente Barack Obama afirma querer "reformular" os laços com Cuba e o Congresso norte-americano estuda suspender a proibição de viagens de norte-americanos para a ilha comunista.

Fidel cedeu o poder ao irmão mais novo, Raúl, em julho de 2006 e deixou formalmente o cargo de presidente no ano passado por motivos de saúde.

Raúl Castro tem se baseado numa lei cubana que permite ao Estado prender as pessoas mesmo antes de elas cometerem um crime, afirmou o Human Rights Watch.

O grupo documentou mais de 40 casos ocorridos durante o governo de Raúl, em que Cuba prendeu indivíduos por "periculosidade" porque eles organizavam passeatas pacíficas ou sindicatos independentes. Além disso, 53 prisioneiros condenados numa repressão de 2003 contra dissidentes durante o governo de Fidel permanecem presos, afirmou o relatório do grupo.

A repressão sistemática criou um clima de medo entre os dissidentes cubanos e as condições de prisão são desumanas, disse o Human Rights Watch, cujos pesquisadores visitaram a ilha em junho e julho para fazer o relatório.

Eles afirmaram que a prisão é apenas uma das várias táticas de intimidação utilizadas. "Os dissidentes que tentam expressar seus pontos de vista em geral são espancados, presos arbitrariamente e sujeitos a atos públicos de repúdio".

Em um exemplo recente bastante divulgado, a blogueira cubana dissidente Yoani Sanchez disse ter sido espancada este mês por homens que acredita serem agentes da segurança pública.

A Comissão Cubana de Direitos Humanos, uma organização independente, estimou este ano que Cuba tenha 200 prisioneiros políticos. Segundo ela, o governo agora prefere as detenções breves porque elas intimidam sem prejudicar a imagem de Cuba no exterior.

O Human Rights Watch disse que era necessária uma abordagem multilateral para pressionar o governo cubano a melhorar a política de direitos humanos.

Os EUA restringem o comércio e viagens a Cuba desde os anos 1960, no que começou como uma política da Guerra Fria para isolar Fidel Castro. A política foi mantida, com algumas exceções, mesmo que boa parte do restante do mundo já tenha se aberto para Havana nos últimos anos.

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