Declarações de Raúl deixam expectativa de uma possível aproximação de Obama, após tomar posse| Foto: Jamil Bittar / Reuters

O presidente de Cuba, Raúl Castro, propôs nesta quinta-feira (18) uma troca de prisioneiros com os Estados Unidos, como gesto de boa-vontade para abrir caminho para um diálogo com o futuro governo norte-americano de Barack Obama.

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A sugestão para que dissidentes políticos presos na ilha sejam trocados por cinco cubanos condenados por espionagem nos EUA é a proposta mais específica já feita para a melhoria das relações bilaterais desde que Obama foi eleito, em novembro.

As declarações de Raúl devem alimentar a expectativa na América Latina de que o governo Obama, que toma posse em 20 de janeiro, promova uma aproximação com Havana.

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O futuro presidente já se comprometeu a eliminar restrições a viagens e remessas de divisas de cubano-americanos para a ilha, mas diz que só vai suspender o embargo econômico, em vigor há 46 anos, quando o regime comunista libertar todos os presos políticos e permitir eleições livres.

Durante visita a Brasília, em sua primeira viagem oficial ao exterior desde que assumiu formalmente a presidência, em fevereiro, Raúl sugeriu que Cuba e EUA façam "gesto e (reciprocamente outro) gesto".

"Esses prisioneiros de que se fala, querem soltá-los? Que nos digam amanhã. Vamos mandá-los com família e tudo. Devolvam-nos nossos cinco heróis. Esse é um gesto de ambas as partes", disse ele, referindo-se aos agentes que, segundo Havana, foram presos quando espionavam grupos de dissidentes que planejavam atentados na ilha.

Em junho, uma corte norte-americana manteve a condenação aos cinco cubanos, mas abriu a possibilidade de redução de penas para três deles.

Na terça-feira, durante a cúpula da América Latina e do Caribe na Costa do Sauípe (BA), 33 países latino-americanos pediram que Obama suspenda as medidas contra o regime comunista. "Não é Cuba quem tem de pedir o fim do embargo", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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"É fundamental que tenha fim esse embargo, que não tem sustentação política, ética e moral", afirmou Lula, em discurso, antes de almoço oferecido ao presidente de Cuba, Raúl Castro, no Palácio do Itamaraty, em Brasília.

Obama ainda não comentou as recentes declarações de Raúl e de seu irmão, o ex-presidente Fidel, sinalizando uma disposição de conversar com o futuro governo.

Raúl disse estar disposto a encontrar Obama onde for, desde que os EUA não coloquem "uma sombra sobre a nossa soberania".

O presidente cubano, que demonstrou irritação com uma pergunta sobre dissidentes em Cuba, está no último dia da sua primeira viagem ao exterior como chefe de Estado.

Ele tem buscado uma aproximação com Rússia e China, com os quais tem em comum a rivalidade em relação a Washington, e agora busca tirar partido da intenção brasileira de ampliar o comércio com Cuba, especialmente no seu ainda incipiente setor petrolífero.

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"Todos queremos que Cuba se torne auto-suficiente em energia", disse Lula em almoço com a delegação cubana.